"A tua
providência, ó Pai, é que o governa" (Sab. XIV, 3). Temos a tentação
de achar que a Providência de Deus só governa o mundo nos grandes
acontecimentos; mas devemos reconhecê-la e adorá-la até nas menores
circunstâncias da nossa vida. Na verdade, tudo está sujeito ao domínio da
Providência, até o passarinho que morre: "Porventura
não se vendem dois passarinhos por um asse? E todavia nem um só deles cairá
sobre a terra sem a permissão de vosso Pai" (S. Mat. X, 29). E Nosso
Senhor Jesus Cristo, no versículo seguinte, diz ainda: "Até os próprios cabelos de vossa cabeça
estão todos contados". Por isso, caríssimos, devemos nos elevar sempre
até à primeira causa, que é o mesmo Deus. A primeira homenagem que devemos
prestar à Providência, é a de fé, e depois a de submissão. O Espírito Santo na
Sagrada Escritura apresenta-nos o exemplo belíssimo do santo varão Jó: "O Senhor o deu, o Senhor o tirou, como
foi do agrado do Senhor, assim sucedeu: bendito seja o nome do Senhor" (Jó,
I, 21). Verdadeiramente, Deus, Nosso Senhor tudo regula; tudo o que acontece é
efeito da vontade divina, que ordena ou que permite.
Deus é o Senhor e, portanto, quando manifesta sua vontade,
compete aos homens submeter-se a ela. É Senhor de direito, porque pode, sem que
tenhamos motivo para queixar-nos, mandar o que quer; Senhor de fato, porque
realiza realmente tudo o que quer. Por justiça, Deus tem direito de regular
tudo segundo a sua vontade e não segundo a nossa. Não temos poder nem direito
de resistir à Deus. Que força pode prevalecer contra o Onipotente!? Devemos
fazer da necessidade virtude. Nas provações devemos estar sempre resignados a
santíssima vontade de Deus. Mas, caríssimos, devemos pensar que Deus é um pai,
e, portanto, devemos confiar em sua bondade.
E ninguém é excluído dos cuidados paternais de Deus Nosso
Senhor. É óbvio, porém, que tem atenções especiais com aqueles que se entregam
a Ele. A sua Providência vigia sobre nós; conhece as nossas necessidades, e
pensa em socorrer-nos primeiro que nós pensemos em pedir. É o que constatamos
na multiplicação dos pães: Jesus viu aquela grande multidão e teve compaixão de
todas aquelas pessoas (Cf. S. Marc. VI, 34 e 42). E o seu poder é igual à sua
bondade: os poucos pães e peixes se multiplicam nas suas mãos e todos são
saciados.
E, caríssimos, consideremos que, se tal é a sua solicitude
pelos corpos, que não fará pelas almas? Daí devo dirigir-me sempre pela fé,
pois ela ensina-me que nada detém Deus na execução dos seus desígnios.
Ensina-me, outrossim, a fé que a sabedoria de Deus é infinita e dispõe todas as
coisas com admirável fortaleza e suavidade: "(A
sabedoria de Deus) atinge, pois, fortemente desde uma extremidade à outra; e
governa tudo convenientemente" (Sab. VIII, 1). Ela sabe tirar o bem do
mal, e converter os obstáculos em meios. José do Egito nunca esteve tão perto
do trono como quando o prenderam!
Deus considera os meus sofrimentos e as minhas necessidades
com os olhos de um pai: "Vosso Pai
sabe o que vos é necessário, antes que vós o peçais" (S. Mat. VI, 8).
E o próprio Deus na Santa Escritura nos afirma que não há mãe que tenha para
seu filho os carinhos que Ele tem para conosco: "Porventura pode uma mulher esquecer-se do seu menino de peito, de
sorte que não tenha compaixão do filho de suas entranhas? Porém, ainda que ela
se esquecesse dele, eu não me esquecerei de ti" (Isaías, XLIX, 15).
Compenetremo-nos, caríssimos e amados irmãos, destas
verdades tão consoladoras. Amém!
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