O pecado mortal é um mal absoluto, extremo; é a maior
desgraça tanto para a alma como para o corpo. Podemos avaliar este mal pelos
seus efeitos: 1- Danos espirituais; 2 - Danos
temporais.
1 - Danos
espirituais: a) A PERDA DA GRAÇA DE DEUS E A DEFORMIDADE DA ALMA. - A alma
na graça de Deus é tão bela que se pode dizer por pouco inferior aos anjos. É
cara a Deus como a menina de seus olhos. Ela é a moradia de Deus: "Quem
está na caridade está em Deus, e Deus nele" (1 Jo IV, 16). Os que estão na
graça de Deus participam da própria natureza divina: "Participantes da
natureza divina" (1 Pedro I, 4). Pois bem, com o pecado mortal, a alma
torna-se disforme, feia, asquerosa. Era moradia de Deus, torna-se moradia do
Inimigo e parecida com ele. Lemos na vida de São Filipe Neri que quando passava
perto de alguém que tivesse pecado mortal na alma, tapava o nariz com o lenço,
pois sentia um insuportável mal cheiro.
b) - A PERDA DOS MÉRITOS ADQUIRIDOS. O pecado mortal dá a
morte aos méritos de todas as boas obras até então praticadas. Tornam-se obras
mortificadas, sem valor. Pela misericórdia infinita de Deus, porém, se o
pecador se arrepende e faz uma boa confissão ou tem uma contrição perfeita com
o desejo de se confessar na primeira oportunidade, recupera todos estes
merecimentos: dizemos que o mérito destas boas obras ressuscita. O pecado
mortal pode assim ser comparado a um navio carregado de tesouros e que afunda
num naufrágio.
c) - A INCAPACIDADE DE MERECER. Além de perder os méritos já
adquiridos, quem está em pecado mortal não pode adquirir nenhum mérito para a
vida eterna. E isto constitui uma desgraça maior ainda, porque todas as obras
boas praticadas estando em pecado mortal, são perdidas para sempre, isto é,
nunca ressuscitam. É como diz o profeta Ageu I, 6: "O que ajuntou os seus
ganhos, colocou-os num saco furado"."Se o justo se afastar de sua
justiça e pecar... todas as obras justas que ele haja feito serão
esquecidas" (Ezequiel XVIII, 24). É claro que aquele que está em pecado
mortal e ainda não se arrependeu para fazer uma boa confissão, não deve deixar
de fazer boas obras e de rezar, porque Deus, em sua infinita misericórdia,
ainda olha para estas obras, para dar a este pecador a graça da conversão. Se
assim fizer, o pecador recupera a graça de Deus, mas não recupera as obras boas
que fez estando em pecado mortal, pois, já nasceram mortas.
d) - A ESCRAVIDÃO. "Quem comete o pecado é escravo do
pecado" (S. João, VIII, 34), e por isso é escravo do dono do pecado que é
o demônio. O diabo tenta e, se o pecador vira as costas para Deus, seu Pai, e
volta-se para o demônio para fazer o mal que ele sugere, o Inimigo da alma tem a vitória e diz: "Agora és
meu!"
e) - A MORTE DA ALMA. "A vida de tua alma é
Deus", diz Santo Agostinho . E
assim, se se expulsa a Deus, está morta a alma. Trata-se da morte espiritual. A
alma é imortal, nunca vai acabar, mas com o pecado mortal ela está sem a vida
sobrenatural. E esta morte espiritual é muito pior que a morte temporal. Às
vezes, trazem aqui pessoas que parecem possuídas do demônio. Muitas vezes nem é possessão. Os parentes e
amigos ficam preocupadíssimos. E com razão. Mas procuro aproveitar a
oportunidade para explicar que o mais terrível é a possessão da alma. Com o pecado mortal, Deus é expulso, e, em
Seu lugar entra o demônio. De Judas Iscariotes, que já estava em pecado mortal,
Jesus disse: Há um no meio de vocês (os Apóstolos) que não está limpo, porque
está com o demônio. Isto é terrível! Mas como é invisível quase ninguém dá
importância. É, como diz a Bíblia: "O pecador comete o pecado como por
brincadeira, e depois, ainda diz, que mal me adveio daí" (Prov. X, 23;
Eclo V, 4 ) São João, no Apocalipse, diz ao pecador: "Tu te chamas vivo e
estás como morto" (Apoc. III, 1).
f) - A PERDA DO CÉU.
O infeliz Lutero (+ 1546), que antes era frade e sacerdote, depois se
meteu pelo caminho do pecado, apostatando da religião católica, falando os
maiores absurdos do Papado. Dizia que todo mundo era infalível ao interpretar a
Bíblia, menos o Anti-Cristo, o Papa. Pois bem, uma noite, ao fitar o céu
estrelado, cheio de remorsos, teve de
exclamar: "É tão belo o céu, mas não é mais para mim!". Por um prato
de lentilhas, Esaú renunciou o direito de primogenitura e depois, vendo a sua
loucura, se afligia e rugia como um leão ferido. Mas aquele direito, a que
renunciou era de uma herança terrena: ao passo que o pecador renuncia à herança
do Céu!
2 - Danos corporais: a)
A PERDA DA PAZ. O Senhor disse: "Não paz para os ímpios" (Isaías 48,
22). Diz ainda dos pecadores o Espírito Santo: "Em seu caminho há aflição
e calamidade, e não conheceram o caminho da paz" (Salmo XIII, 3).
b) OS CASTIGOS DE DEUS: Assim diz o próprio Deus:
"Muitos são os flagelos do pecador" (Salmo 31, 10). Como já vimos,
Deus puniu o pecado já no céu. Jesus disse: "Vi Satanás cair do céu como um
relâmpago" (S. Lucas, X, 18). Depois, pune o pecado no Paraíso terrestre.
O dilúvio foi castigo do pecado. Lemos na Bíblia que os habitantes de Sodoma e
Gomorra eram péssimos e pecadores descomedidos perante Deus (Gên. XIII, 13) E
Deus mandou um dilúvio de fogo, que queimou e incinerou aquelas cidades com
todos os habitantes. Só escaparam 4 pessoas - a família de Lot - que eram
tementes a Deus e não cometeram aqueles pecados que bradam ao Céu. Diz ainda o
Espírito Santo: "O pecado faz infelizes os povos" (Prov. XIV, 34).
Caríssimos, e se vedes que uns cometem tantos pecados e no
entanto não são castigados por Deus, ficai sabendo que o castigo virá para eles
também, cedo ou tarde; e quanto mais tardar a vir, tanto mais tremendo será.
Sigamos o conselho do Divino Espírito Santo: "Fugi do
pecado como se foge da serpente" (Eclo XXI, 2). Amém
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