85. DOUTRINA DE SÃO PAULO.
A doutrina do Apóstolo São Paulo não é, nem podia ser diversa da doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se, por conseguinte, Jesus mostra a caridade, ou seja, o amor de Deus e do próximo, e não somente a fé, como necessária para a salvação, isto mesmo é o que São Paulo nos ensina, mostrando-nos que a fé sem a caridade nada vale: Se eu tiver o dom de profecia, e conhecer todos os mistérios e quanto se pode saber, e se tiver toda fé, até o ponto de transportar montes, e não tiver caridade, NÃO SOU NADA (1ª Coríntios XIII-2). A hipótese apresentada por São Paulo é muito expressiva, pois ele figura o caso de um homem que tem a fé em sumo grau: uma fé tão grande, que é capaz de dizer a uma montanha que saia de seu lugar e se transporte para outro, e Deus fará o milagre em atenção à pureza e à perfeição de sua fé. Mesmo assim, não é nada aquele que a tem, se não tem a caridade. A caridade é, portanto, na doutrina paulina, a maior das virtudes: Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, a caridade, estas três virtudes: porém A MAIOR DELAS É A CARIDADE (1ª Coríntios XIII-13). No final da mesma Epístola, ele nos diz: Todas as vossas obras sejam feitas EM CARIDADE (1ª Coríntios XVI-14). Se algum não AMA a Nosso Senhor Jesus Cristo, seja anátema (1ª Coríntios XVI-22).
Se Nosso Senhor, descrevendo o julgamento de Deus, nos faz ver que seremos julgados de acordo com as boas ou más obras, este também é o ensinamento de São Paulo. Já citamos mais de uma vez a sua frase na Epístola aos Romanos em que ele nos fala do justo juízo de Deus que há de retribuir a cada um SEGUNDO AS SUAS OBRAS (Romanos II-5 e 6). E isto é o que ele ensina constantemente nas suas Epístolas: Cada um receberá do Senhor a PAGA do BEM que tiver FEITO, ou seja escravo ou livre (Efésios VI-8). Importa que todos nós compareçamos dante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o GALARDÃO segundo o que tem FEITO, ou BOM ou MAU, estando no próprio corpo (2ª Coríntios V-10). Deus não é injusto, para que se esqueça da vossa OBRA e da CARIDADE que mostrastes em seu nome, os que haveis subministrado o necessário aos santos e ainda o subministrais (Hebreus VI-10). E diz a Timóteo que mande que os ricos deste mundo se façam ricos em boas obras, afim de ajuntarem para si um tesouro e alcançarem a verdadeira vida: Manda aos ricos deste mundo... que façam bem, que se façam ricos em BOAS OBRAS, que deem, que repartam francamente, que façam para si um TESOURO, como um fundamento sólido para o futuro, AFIM DE ALCANÇAREM A VERDADEIRA VIDA (1ª Timóteo VI-17 a 19).
É sempre a mesma doutrina do Mestre: julgamento de Deus de acordo com as boas ou más obras de cada um, salientando-se entre estas obras boas a prática da caridade.
Se Jesus nos fala da necessidade da observância dos mandamentos para conseguir o Céu, esta necessidade é também ensinada por São Paulo: A circuncisão nada vale, e o prepúcio nada vale, senão A GUARDA DOS MANDAMENTOS DE DEUS (!ª Coríntios VII-19). Não vos enganeis: nem os fornicários, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os que se dão a bebedices, nem os maldizentes, nem os roubadores hão de possuir o reino de Deus (1ª Coríntios VI-10).
E, se Nosso Senhor nos adverte: Nem todo o que me diz, Senhor, Senhor, entrará no reino dos Céus, mas sim o que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus (Mateus VII-21), São Paulo se encarrega de nos mostrar qual é esta vontade de Deus: Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação (1ª Tessalonicenses IV-3), porque para São Paulo não é somente a fé que nos torna aptos para entrar na bem-aventurança, indo ver a Deus, mas também a santidade de vida: Segui a paz com todos e A SANTIDADE, SEM A QUAL NINGUÉM VERÁ A DEUS (Hebreus XII-14).
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