terça-feira, 13 de abril de 2021

A PAZ ESTEJA CONVOSCO!

  A PAZ ESTEJA CONVOSCO!

                                                          Dom Fernando Arêas Rifan*

 

            Após a sua Paixão e morte na Cruz, os discípulos de Jesus estavam apavorados, cheios de medo e incertezas quanto ao passado – teria sido tudo um sonho e uma ilusão? – e quanto ao futuro – o que será de nós sem Ele?. Jesus lhes aparece, vivo, e os saúda, dizendo: “A paz esteja convosco”. Foi a sua mensagem de Páscoa. “A paz é a tranquilidade da ordem” (Santo Agostinho). A paz dos povos, a paz das consciências, a paz com Deus! Nos tempos calamitosos em que vivemos, a paz, a tranquilidade, embora difícil, é especialmente necessária, até para a nossa saúde. “A imaginação é a metade da doença. A tranquilidade é a metade do remédio. E a paciência é o primeiro passo para a cura” (Avicena, médico e filósofo árabe medieval, considerado pai da medicina moderna).       

            A depressão é excesso de passado em nossas mentes e a ansiedade, excesso de futuro. O momento presente é a chave para a cura de todos os males mentais. E a confiança em Deus vem nos dar forças e paz. Preocupados com o passado e o futuro, não vivemos bem o presente. A memória e a imaginação, não controladas, roubam-nos a paz e a tranquilidade.

 “A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para frente” (Sören Kierkegaard). “Que a saudade do ontem e o medo do amanhã não roubem a alegria do nosso hoje” (Pe. Roque Schneider). “Senhor, eu peço para o meu passado a vossa misericórdia, para o meu presente o vosso amor, para o meu futuro a vossa providência” (São Pio de Pietrelcina). “A imaginação dos lugares e mudanças a muitos tem iludido” (Imitação de Cristo I, 9). “Essa felicidade que supomos, / Árvore milagrosa, que sonhamos / Toda arreada de dourados pomos, // Existe,sim: mas nós não a alcançamos / Porque está sempre apenas onde a pomos / E nunca a pomos onde nós estamos” (Vicente de Carvalho).

Jesus, no seu Sermão da Montanha, nos dá a receita da tranquilidade: “Não fiqueis preocupados quanto à vossa vida... Olhai os pássaros do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros. No entanto, vosso Pai Celeste os alimenta. Será que vós não valeis mais do que eles?... Aprendei dos lírios do campo, como crescem. Não trabalham nem fiam, e, no entanto, eu vos digo, nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles... Vosso Pai Celeste sabe que precisais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo. Portanto, não fiqueis preocupados com o amanhã, pois o amanhã terá sua própria preocupação! A cada dia basta o seu mal” (Mt 6, 25-34). Não perder a paz com o que aconteceu ontem, nem com o que imaginamos poderá acontecer amanhã: basta o problema de cada dia. Santa Teresa chamava a imaginação de “a louca da casa”. Ela pode nos perturbar e nos tirar a tranquilidade e a paz, com os perigos e os problemas que nem sequer existem ainda.

No Pai-Nosso, Jesus nos ensinou a pedir “o pão nosso de cada dia”. Com a palavra “pão” podemos entender não só o alimento, mas também a solução de todos os problemas. De cada dia, não os de amanhã. Abandonemo-nos nas mãos de Deus, que é Pai, e se preocupa conosco e por nós. “Lança sobre Deus o teu cuidado, e ele te sustentará” (Sl 55, 23). “Lançai sobre ele toda a vossa preocupação, pois ele cuida de vós” (1Pd 5,7).

                                                                                                                                                                                                                                               *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                São João Maria Vianney

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                http://domfernandorifan.blogspot.com.br/


3 comentários:

  1. Olá padre, sua bênção. Uma pergunta:

    Se uma pessoa comete um ato que tem matéria grave, mas na cabeça dela ela julga (ou tem quase certeza) que aquilo se trata de um pecado venial, ou, ela sabe que é venial, mas está em dúvida se é mortal. Se ela comete esse ato de matéria grave, com essa consciência, ela comete pecado mortal mesmo assim?

    OBS: aqui não me refiro aqueles casos mais evidentes, me refiro a casos mais difíceis onde uma pessoa temente a Deus (ainda mais um escrupuloso) tem dificuldade em julgar a matéria.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
    2. Caríssimo devoto mariano, por motivo de causa maior, interrompi por algum tempo as minhas postagens, mas, em breve, se Deus quiser, escreverei alguns artigos sobre a CONSCIÊNCIA. Para isto peço suas orações. Obrigado!

      Excluir