terça-feira, 13 de agosto de 2013

A CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 5 )

   87. SALVAÇÃO EM MARCHA E SALVAÇÃO CONSUMADA.

   Antes de tudo, figuremos uma hipótese. Um homem vivia em deplorável estado de pecado; se morresse nesse estado, certamente se condenaria. Se quisermos dar um nome a esse homem, demos-lhe um qualquer: chamemo-lo Agostinho por exemplo. Deus por muitos anos perseguiu amorosamente com sua graça o coração desse nosso Agostinho. E um dia ele cooperou plenamente com a graça: voltou-se de todo coração para Deus. Houve um feliz momento em que se operou uma transformação radical em sua alma: esta que estava em pecado mortal passou a tornar-se revestida da graça santificante. Suponhamos que esse homem ainda viveu por muitos anos, mas sempre fiel à graça.

   Podia ter acontecido com ele que se perdesse, voltando aos pecados antigos e morrendo impenitente em estado de pecado mortal, podia também ter acontecido que retornasse ao pecado, até mais de uma vez, e no entanto Deus o convertesse de novo e o regenerasse pelo arrependimento, porque ele conservava o livre arbítrio, uma vez que a graça não destrói a liberdade. Mas isto não aconteceu: cooperou com a graça até o fim, nunca perdeu a graça santificante. Um dia morre o nosso herói e comparece ao tribunal de Deus. A sentença divina é esta: SALVAÇÃO. Não irá para o inferno; será um glorioso habitante do Céu por toda a eternidade.

   Agora perguntamos: em que ocasião esse homem se salvou? Podemos dizer que foi naquele momento inicial em que sua alma passou do estado de pecado para o de graça santificante. Segue-se daí que ele tinha certeza absoluta, nesse momento, de que iria para o Céu? Não, porque o homem não pode garantir, com absoluta certeza, que sempre há de cooperar com a graça. Sua vontade firme pode ser esta; no entanto o espirito na verdade está pronto, mas a carne é fraca (Mateus XXVI-41). O coração do homem está sujeito a muitas mudanças; uma pequena resistência à graça pode depois paulatinamente acarretar resistências maiores; basta, por exemplo, uma inclinação ao orgulho, à presunção para fazê-lo cair deploravelmente, porque Deus resiste aos soberbos e dá a sua graça aos humildes (1ª Pedro V-5).

   No decorrer de todos os anos que se seguiram à sua conversão, ele sempre podia dizer: Estou salvo. Mas que sentido teria esta frase? quereria dizer que tinha certeza absoluta da salvação? Não; porque ele podia pecar e afastar-se do bom caminho. A frase seria verdadeira neste sentido: Estou no caminho da salvação, porque estou na graça de Deus; se morrer neste mesmo instante, alcançarei a vida eterna. Assim, tanto ele podia dizer: - Estou salvo - como: Espero que hei de salvar-me, conforme considerasse A SALVAÇÃO EM MARCHA ou A SALVAÇÃO CONSUMADA. 

   Mas quanto a esta salvação consumada, à salvação futura, no dia do julgamento de Deus, ele não podia ter certeza absoluta (pois não era impecável) podia, sim, ter a esperança, uma firme e bem fundada esperança.
   Neste dia do julgamento de Deus, quando Deus proferiu a sentença em seu favor, aí então se pode dizer que se salvou com certeza absoluta. 

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