74. O JUÍZO FINAL (b).
Chamamos outra vez a atenção do leitor para o estilo abreviado da Bíblia. A Bíblia não diz tudo de uma vez; uma passagem completa a outra. Ninguém vai concluir daí que seremos julgados unicamente por causa das ações caridosas ou das faltas de caridade. A descrição é claramente incompleta, como dissemos, porque Nosso Senhor mesmo nos declara que se nos pedirão contas até de uma palavra inútil: E digo-vos que de TODA A PALAVRA OCIOSA que falarem os homens, darão conta dela no dia do juízo; porque pelas tuas palavras serás justificado e pelas tuas palavras serás condenado (Mateus XII-36 e 37). O que Nosso Senhor quer dizer é que o homem será julgado pelas suas boas ou más ações, como Ele disse claramente noutra ocasião: Todos os que se acham nos sepulcros ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que OBRARAM BEM sairão para a ressurreição da vida; mas os que OBRARAM MAL sairão ressuscitados para a condenação (João V-28 e 29). E entre estas boas ou más obras, ocupa um papel muito saliente a questão da caridade para com o próximo.
Afirmativa esta, que não só se demonstra pela descrição do juízo final acima transcrita, senão também pela firmeza com que Nosso Senhor nos ensina que Deus nos tratará no seu julgamento da mesma forma como tratarmos o nosso próximo: será duro ou complacente para conosco, na mesma proporção em que tivermos sido duros ou complacentes para com os nossos semelhantes:
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia (Mateus V-7). Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados; dai e dar-se-vos-á; no seio vos meterão uma boa medida e bem cheia e bem acalcada e bem acogulada; porque, qual for a medida de que vós usardes para os outros, tal será a que se use para vós (Lucas VI-37 e 38). O que concorda com a palavra de São Tiago: Porque se fará um juízo sem misericórdia àquele que não usou de misericórdia (Tiago II-13).
Logo, devemos CRER que não é a fé somente que salva, mas também a observância dos mandamentos, o amor de Deus e do próximo, pois isto é o que o próprio Jesus, que merece todo nosso crédito, nos ensinou; se não cremos isto, não nos salvamos, pois O QUE NÃO CRÊ JÁ ESTÁ CONDENADO (João III-18).
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