INTRODUÇÃO: Caríssimos, transmitirei, se Deus quiser, em
algumas postagens, as 11 proposições (de
70-80) falsas ou ao menos perigosas acompanhadas de imediato das proposições certas
respectivas e das explanações. São excertos da Carta Pastoral Sobre Problemas
do Apostolado Moderno, que contém um catecismo de verdades oportunas que se
opõem a erros contemporâneos. As 11 proposições fazem parte do VIII capítulo
deste catecismo. Esta carta pastoral foi escrita em 06/01/ 1953 por D. Antônio
de Castro Mayer, então bispo da Diocese de Campos, RJ, hoje de saudosa e santa
memória. "Defunctus adhuc loquitur". Embora escritas na metade do
século passado, são inteiramente oportunas essas considerações, porque o
comunismo e o socialismo, embora por vezes se procurem mascarar, porém, são sempre os mesmos, pois
intrinsecamente maus; enquanto, por outro lado, a doutrina autêntica da Santa
Madre Igreja é perene e viva, porque é a VERDADE, isto é, a PALAVRA DE JESUS
CRISTO que permanece para sempre.
70
[Proposição certa]: Jesus
Cristo pregou o espírito de pobreza e humildade, a preferência pelos fracos e
pequenos. Por pobreza, a Igreja entende o desapego dos bens da terra, ou seja,
um tal emprego dos mesmos, que sirvam para a salvação da alma e não para sua
perdição. Assim, nunca ensinou que ser rico é intrinsecamente mau; mas que tão
somente é mau fazer uso desordenado da riqueza. Por humildade a Igreja entende
o fato de o fiel reconhecer que nada tem de si e tudo recebeu de Deus, e de se
situar no lugar que lhe compete. A existência das classes sociais é, pois,
condição para a prática da virtude e da humildade. Quanto à preferência pelos
fracos e pelos pequenos, seria impossível numa sociedade em que todos fossem
iguais. A Revolução Francesa, na medida em que tendeu para a completa igualdade
política, social e econômica, na sociedade ideal sonhada pelos seus fautores,
foi um movimento satânico, inspirado pelo orgulho.
EXPLANAÇÃO
Por certo, as
desigualdades quer no domínio político, quer no social ou econômico têm por
vezes sido iníquas, e isto por dois motivos principais: ou porque essas
desigualdades eram ilegítimas, e mero fruto da opressão; ou porque se
acentuavam tanto que negavam a dignidade natural do homem, ou os meios para
viver sadia e honestamente. Um exemplo frisante de desigualdade exagerada é a
sorte duríssima e imerecida a que, no século XIX, foram lançados os operários
em consequência da revolução industrial (Pio XI, "Quadragesimo anno",
A.A.S. 23, p. 195, 197/8). Ao contrário do que se tem dito, a Igreja tem
cumprido seu dever de lutar contra essa situação. Mas, em tal luta, seu
objetivo é uma sociedade hierárquica dentro dos limites da ordem natural. Nunca
a abolição de todas as desigualdades legítimas, sonhada pelos revolucionários e
na qual se empenham a ação da Maçonaria e outros fatores (cf. Pio XII, Alocução
do Natal de 1944, A.A.S. 37, p. 14).
71
[Proposição certa]: A Igreja intervém nas questões sociais para proteger a lei natural. Seu objetivo não é favorecer uma classe contra outra, mas fazer reinar nas relações entre as classes a doutrina de Jesus Cristo. Apóia as justas aspirações dos operários como os direitos autênticos dos patrões. O regime capitalista, enquanto toma como base a propriedade privada, em si é legítimo. A Igreja combate seus abusos, mas não apóia sua destruição.
EXPLANAÇÃO
Generaliza-se entre católicos a
ideia de que a Igreja é como que um partido trabalhista, cuja finalidade fosse
a defesa de uma só classe. Pelo contrário, ela paira acima das classes como
acima dos partidos. Ainda quando defende as justas reivindicações dos
operários, jamais desconhece a Igreja os direitos dos patrões. E no momento
atual, em sua alocução ao Katholikentag de Viena (14 de setembro de 1952, cf. "Catolicismo" nº 24, dezembro de 1952). deixou o Santo Padre bem
claro que a questão operária, candente ainda na primeira metade deste século
[XX], já está superada por outra mais grave, que é a luta de classes, insuflada
pelo socialismo. É preciso, agora mais do que nunca, mostrar a Igreja como
protetora da todos, operários e patrões, e não como advogada sistemática de uns
contra outros.
Quanto ao capitalismo, cumpre
dissipar a confusão que se estabeleceu a seu respeito na linguagem corrente. O
regime capitalista em si mesmo, isto é, enquanto sistema baseado na propriedade
privada e na livre iniciativa, e comportando lucros na medida em que os permita
a moral, é legítimo e não pode ser confundido com os abusos a que concretamente
foi sujeito em não poucos lugares.
Cumpre pois distinguir a legítima
defesa de organizações operárias sadias contra os abusos do capitalismo, da
luta das organizações revolucionárias que proclamariam a ilegitimidade do
regime capitalista em si mesmo. Quem se
associe à ação destas últimas colabora com o comunismo e incorre na censura
contida na Carta da Sagrada Congregação dos Seminários ao Episcopado
Brasileiro: "Para alguns, nem são
suficientes, no campo social, as diretivas tão humanas, tão sabiamente favoráveis
às classes trabalhadoras que a Santa Sé, principalmente desde Leão XIII até Pio
XII, tem promulgado, mas procurar-se-á avançar sempre mais para a esquerda, até
nutrir uma verdadeira simpatia para com o comunismo bolchevista, destruidor da
Religião e de todo o verdadeiro bem da pessoa humana" (A.A.S. 42, p.
841).
Nenhum comentário:
Postar um comentário