(Excertos do capítulo
IV do livro "OS DEZ MANDAMENTOS" de autoria de Mons. Tihamer Tóth)
A infração da Lei
de Deus, o pecado, é o maior mal do mundo; assim ensina a nossa religião
sacrossanta. E por isso nos repete a cada momento esta sentença: 'Antes morrer
que manchar-se'. (...)
QUE PENSA O MUNDO A
RESPEITO DO PECADO?
O grande defeito, o
principal, da nossa época, está justamente nisto: não se toma nada a sério, em
nada vemos pecado. (...)
Se não vemos pecado em
nada é porque não somos bastante sérios para o descobrir. Só o nosso divino
Salvador podia dizer: Quem de vós me
convencerá de pecado? (S. João VIII, 46). (...). Não há sinal mais
espantoso do atual processo de decomposição: estamos submersos no pecado até ao
pescoço, mas não o sentimos; ainda mais: nem gostamos de falar nele.
Os pecados são inúmeros;
e apesar disso veremos os homens amontoarem-se em torno dos confessionários de
manhã até à noite? Não. Porque morreu a consciência do pecado. (...)
Ao contemplar a cruz do
Redentor dão-nos ânsias de gritar, de gritar com força, para que todo o mundo
ouça e grave as palavras do seu coração: 'Homens, olhai e vede o que é o
pecado! O que é o pecado que exige tal expiação!'
Deus criou o homem para a
felicidade para que seja feliz já nesta vida terrena. No plano primitivo de
Deus, o homem depois de passar a vida em tranqüilo gozo nesta terra, sem
experimentar sequer as amarguras da morte, havia de entrar no reino do Céu.
E por que não é assim?
Por que sofre e sofre tanto esse homem criado para a felicidade? Responde S.
PAULO: 'Por um só homem entrou o pecado neste mundo e pelo pecado, a morte'
(Rom. V, 12). Foi o pecado que nos perdeu, que tornou desgraçada a nossa vida.
(...). O mundo inteiro não é mais que enorme escola de pecado em que todos
gabem só o pecado. Vem um pintor e com o seu pincel traça o pecado, cheio de
sedução, para que nos agrademos dele. 'É pecado?' Não é pecado! É arte
moderna!' Vem o escultor e comunica vida à pedra; o poeta, às palavras. É
pecado? Não é pecado! É arte, é literatura moderna!' O filósofo diz que não há
pecado, que só há debilidade, defeito, falha, imperfeição... Eis como o mundo
decide a respeito do pecado.
Mas...
QUE PENSA DEUS A RESPEITO
DO PECADO?
(...)Possuímos um livro
antigo que sabemos escrito por inspiração de Deus (a Bíblia). Este livro
pinta-nos o primeiro pecado, a primeira queda.(...) A história do Paraíso
Terrestre é a descrição não só do primeiro pecado, mas, em certo modo de todos
os pecados. (...)
Qual a consequência do
pecado? Que lhes (a Adão e Eva) prometeu o tentador? "Abrir-se-vos-ão os
olhos...' Pois... abriram-se. Mas que foi que eles viram? Vergonha, temor,
remorso. É a única ciência que o pecado comunica ao homem. A vergonha é a
consequência de todo o pecado. O pecador pode ocultar-se do mundo, das leis,
mas não de si próprio. Poderá haver homem tão depravado que se vanglorie do seu
pecado. Pode haver um pseudo-filósofo que apresente o mal com aspecto de bem;
um poeta que dedique hinos ao pecado!... Virão, porém, dias, momentos, em que a
alma do depravado, do pseudo-filósofo, do pagão, do poeta, soluce, abatida sob
a terrível vergonha do pecado. Ninguém pode evitar este castigo.
Principalmente se se
acrescentar a segunda consequência do pecado: o temor. 'Ouvi a tua voz no Paraíso e tive medo' (Gen. III, 6). Tive medo!
Medo de Deus? Ah! Quando não tínhamos pecados, que alegria para nós era
conversar com Deus! Como nos ajoelhávamos diante do seu altar! Por que tens
medo da Igreja, do confessionário? Porque gostarias de poder esquecer que há
Deus, que tens alma, que há uma vida eterna, que terás de prestar contas.
Porque tens medo de Deus!
Em vão pretenderia o
pecador esconder-se. Aí temos o terceiro efeito do pecado: o remorso. Deus fala
e pergunta a Adão: Onde estás? (ib. 10).
Que é a voz da consciência senão a voz de Deus? Que fizeste? Onde está a tua
inocência? que significa esta lama na tua alma? (...)
Se não tivéssemos outro
argumento, bastava a consciência para provar com bastante evidência que há Deus
e para nos dizer a maneira de pensar de Deus a respeito do pecado e como o
próprio Deus vigia o cumprimento das suas leis. Por muito que te esforces, por
mais que discutas com ela, não poderás calar-lhe a voz. Fala, testemunha,
acusa. Não é tudo, arvora-se em juiz severo, em verdugo. Tem látego com que
açoita; tem fogo com que toca a rebate; tem aguilhão com que pica. Nem de dia
em de noite nos deixa em paz.
A alma pecadora
espanta-se de si própria; repugna-lhe a sociedade; e, no meio das suas
terríveis lucubrações, exclama muitas vezes: antes a morte do que este
constante e terrível remorso!
Depois chega a morte. E
neste ponto nos detemos agora, porque nele podemos ver com toda a claridade
quanto Deus aborrece o pecado.
O CASTIGO DO PECADO: A
MORTE.
Que é a morte? Chega o nosso
corpo ao fim da sua vida. Decompõe-se, desfaz-se.
Costuma dizer-se que o
homem é a criatura mais perfeita que Deus pôs na terra. E isto afirma-se não só
pelo que diz respeito à alma, mas do mesmo modo pelo que se refere ao corpo. O
nosso corpo é realmente uma obra-prima da mão de Deus; é o ser mais formoso de
toda a criação visível. Que brilho nos olhos do homem! Que nobreza no seu
porte! Que expressão inteligente no seu rosto! Mas, sobretudo, que instrumento
mais adequado e obediente é o corpo para a alma imortal!
É possível que Deus tenha
criado esta obra-prima para viver apenas uns minutos na terra e depois se
desfazer em pó? Que pintor, que escultor cria a sua obra-prima para, no momento
seguinte, a destruir? Que arquiteto constrói um palácio magnífico e logo que o
dá por acabado o faz saltar com dinamite?
Pois era isto o que Deus
fazia se criasse o corpo do homem para vida tão breve. Não. Originariamente,
Deus não quis a morte. O pecado é que trouxe a morte.
Amigo leitor; medita um
instante no que seja a morte. Chega-te junto desta cama - não
tenhas medo; aqui tens um moribundo. Descansa; não te falo agora das suas dores
atrozes, não te digo como anseia o seu coração, como lhe falta o alento, que
espantosos fantasmas o aterram... Não. Por todos esses tormento passou já.
Agora mal respira. E, contudo, era um rei poderoso, um sábio inventor, um
riquíssimo Diretor de Banco, uma atriz de fama universal, uma jovem em plena
primavera. E os vestidos que ela possuía! Que vestidos tão atrevidamente curtos
e decotados! E como dançava um dia, a semana passada, o tango e o fox-trot! Olha
esta cabeça tão nobre! quantos pensamentos nela e agora jaz silenciosa, amarela
como cera, sobre a almofada. Olha para este braço robusto que, no ardor do
combate, era senhor da vida e da morte. Vê lá: agora não pode mover-se. Olha
para aqueles olhos maravilhosos que, com a força do seu encanto, arrastavam
multidões de almas ao pecado, que sabiam olhar com coqueteria e sedução, que
sabiam beber o pecado; olha para aqueles olhos: como estão apagados, gastos,
vidrados, como são espantosos agora...
Mas espera. Tudo isto não
é mais que o princípio do castigo. Deus castiga também o pecado cá em baixo,
antes da morte, embora o castigue principalmente depois, na outra vida.
Ainda acabastes de morrer
já vão abrir um frasco de perfume, porque o ar começa a corromper-se. Já começa
a decomposição. Depois... apenas rezaram um Pai-Nosso junto do teu cadáver, e
já vem a agência mortuária para te levar para o "depósito", a casa
mortuária do cemitério. Não é possível manter-te em casa, porque estás a
"corromper o ar". (...)
E depois do enterro? Que
será de ti a poucas semanas da morte? Se alguém te visse, uns dias depois do
enterro, gelaria de espanto. (...)
Aproxima-te agora e
dize-me: "Que é o pecado? Nada. Um espantalho fabricado pelos
sacerdotes" Vem agora repetir-me: "Gozo tanto, divirto-me tanto com
este ou com aquele pecado. Não é possível que Deus leve a mal a minha
felicidade". Podes falar-me com o coração nas mãos.
Irmãos! Que será o pecado,
se Deus imediatamente, pelo primeiro pecado, infligiu ao homem, a sua criatura
mais excelsa, um castigo tão grave: a morte humilhante, horripilante,
inexorável! Meu Deus! quanto deve ofender-te o pecado!
Ainda há alguma coisa que
nos surpreenderá mais.
Vivia na terra um homem
que ao mesmo tempo era Deus. E também teve de morrer? Sim. Ele submetia-se à
terrível sentença. Vede-o: como sua sangue no Monte das Oliveiras e como
balbucia a comovedora oração: "Meu
Pai, se é possível, afasta de mim este cálice" (S. Mat. XXVI, 39).
Qual foi a resposta? Não é possível. Por ter querido tomar sobre si os pecados
dos homens, teve de suportar os sofrimentos mais atrozes e expirar no meio de
terríveis afrontas. Meu Deus! como há de ofender-te o pecado, se não perdoaste
ao teu Filho Unigênito!
Mas, ao menos, visto que
se consumou o grande sacrifício, visto que o Filho de Deus morreu por causa do
pecado, terá acabado, enfim, a devastação da morte, não morrerão já os homens!
Está à vista: o homem morre, mesmo depois daquele grande sacrifício.
Ao menos, porém, ter-se-á
apagado o fogo da condenação? Não! Arderá eternamente.
Mas, decerto, os que lá
estão hão de libertar-se um dia. Nem um só.
Oh! Senhor! Senhor! Então
por que morreste? Que é a Redenção? A Redenção consiste em que os que querem,
fixai-o bem, os que querem chegar a Deus, recebem a sua graça, mediante os
santos Sacramentos; podem cancelar os pecados cometidos; adquirem forças para
os não tornar a cometer; e por isso Deus tem misericórdia para com eles e
ama-os. Mas os que continuam a querer os seus pecados e se obstinam, não serão
introduzidos no Céu à força. Deus não os quer, Deus aborrece-os, porque
deixaria de ser Deus no momento em que não aborrecesse o pecado.
Pelo exposto, vê-se o que
significa o pecado aos olhos de Deus.
Meu Deus! Ajudai-nos a
viver de tal modo que possamos assegurar o nosso sorriso... e não para dez
anos, mas para a eternidade, para aquela eternidade serena, ditosa, das almas
que vos são fiéis!
AMÉM!
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