quarta-feira, 4 de setembro de 2019

A MORTE

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA, Dia 4º

O mal não é morrer, o mal é morrer mal. O próprio Espírito Santo ordena-nos a meditar na morte como meio de evitar o pecado que pode levar à morte eterna: "In omnibus operibus tuis, memorare novissima tua et in aeternum non peccabis", "Em todas as tuas obras lembra-te dos teus novíssimos, e nunca jamais pecarás" (Eclesiástico VII, 40). Meditando na nossa morte, já nos lembramos dos demais novíssimos, porque a morte os desencadeia. Pois, logo após a morte, vem o juízo particular e, dependendo dele, a alma já sabe se será eternamente feliz no Paraíso, ou eternamente infeliz no Inferno.

Nada mais sério do que a morte! É a separação da alma do corpo. É um separar, sem remédio, de amigos, de irmãos, de pai e mãe, de bens materiais e dignidades!  É a passagem de um mundo conhecido para um desconhecido;  do tempo para a eternidade onde nada muda; é uma partida desta vida onde tudo passa; é a chegada aos séculos eternos, onde nada passa. É deixar esta vida onde temos à nossa disposição os merecimentos infinitos de Jesus Cristo e onde podemos colocar em dia as contas da administração dos dons que Deus nos deu; é a entrada na eternidade, onde não se pode mais trabalhar, merecer, se converter, voltar atrás. E a morte tem quatro certezas: virá inevitavelmente, virá brevemente; despojar-nos-á de tudo; fixará a nossa sorte por toda a eternidade. Tem também quatro incertezas: quando? em que lugar? em que circunstâncias? em que estado: o de graça ou o de pecado mortal? E essa última incerteza é a mais terrível! Seguindo a orientação do próprio Deus, meditemos na morte e nos outros novíssimos para vivermos sempre preparados. Nosso Senhor Jesus Cristo disse que a morte virá como um ladrão. Todos os dias e noites tomamos as devidas providências para evitarmos os roubos. Devemos estar dia e noite preparados para a morte.
Caríssimos, se meditarmos atentamente em tudo isso, é certo que evitaremos sempre o pecado e estaremos sempre preparados para morrer, tanto na vigília como no sono, tanto na mocidade como na velhice. Com a graça de Deus, iniciemos a nossa meditação.

A MORTE É INEVITÁVEL: S. Paulo diz claramente: "Está decretado que os homens morram uma só vez e (que) depois disso (se siga) o juízo" (Hebreus IX, 27). A fé no-lo ensina e a razão também o demonstra. Por toda parte encontramos o luto da morte. Nunca encontraremos uma cidade onde não haja cemitério. À direita, à esquerda, na própria família e nas dos nossos conhecidos encontramos o lúgubre espectro da morte. A terra é uma cadeia de condenados à morte. Todos sabemos que, num dia incerto, a morte rangerá a porta desta prisão, e dirá, apontando para sua vítima, É VOCÊ!!!
Caríssimos, meditemos demorada e atentamente nas seguintes verdades: No Céu nunca se morre, lá é a Vida Eterna; no Inferno, morre-se sempre, lá é a morte eterna; pois, até o fim do mundo, a alma condenada está morta porque fixada no pecado, separada da Vida que é Jesus; e depois da ressurreição final, os mortos espirituais ressuscitarão para o suplício eterno, como afirmou o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo (S. Mateus XXV, 46); e, então, alma e corpo do condenado sofrerão a segunda morte pelos séculos dos séculos. Na terra, vive-se algum tempo, depois morre-se uma vez, para viver ou morrer para sempre, conforme a morte, boa ou má, abrir o Céu ou o Inferno.

A MORTE ESTÁ PRÓXIMA: Não há senão um passo entre mim e a morte. Na verdade a vida não é mais que uma luta contínua contra a morte. Olhemos para uma vela acesa. À medida que vai iluminando e pelo próprio fato de a chama estar viva, a vela vai se consumindo. Assim, a medida que vivemos,  porque o coração está batendo, estamos morrendo; por mais que eu faça, morro todos os dias e a cada instante do dia; cada pulsação do coração é uma brecha feita na vida e, na verdade, como o rio que não pára até morrer no mar, assim caminhamos sem parar em direção ao túmulo. Devemos, então, tirar como lição não nos apegarmos a nada deste mundo, em que só estamos de passagem. Devemos sim nos ocuparmos daquele mundo em que a morte nos introduzirá e onde estaremos por toda a eternidade. Caminhamos continuamente para a casa de nossa eternidade (Cf. Eclesiastes XII, 5). Meditemos nesta realidade: nossa vida é curta mas dela depende nossa eternidade. Juntemos um tesouro no Céu onde não há o ladrão da morte.

A MORTE É ESPOLIADORA: Quando a morte chegar, teremos que abandonar tudo; todos os laços que nos prendem à terra, serão quebrados: bens, prazeres, projetos, parentes e amigos. E abandonar tudo PARA SEMPRE! Nossa vida é uma viagem que termina com a morte, e não tem retorno. Assim como uma árvore tomba para um lado, um dia ela cairá para aquele lado, e caída, ficará no chão, estendida no mesmo lugar. Geralmente, quanta preocupação com o corpo, quanta vaidade! E a morte lançá-lo-á em  uma cova e será aí entregue aos vermes. Na verdade, a morte não nos deixa senão as nossas obras, a alegria ou o pesar, segundo forem obras boas e virtuosas, ou de pecado. Caríssimos, muito ajuda a viver santamente, pensar no efeito principal e melhor para os que viverem bem: a morte os unirá a Deus para sempre!!!

A MORTE FIXARÁ  NOSSA SORTE PARA TODO SEMPRE: Tal vida, tal morte; tal morte, tal sorte por toda a eternidade! A morte má é a mais irreparável de todas as desgraças. Se a morte surpreende uma pessoa no estado de pecado mortal, a sua vontade se tornará imutável no pecado, e a vontade de Deus imutável no castigo. Se este pensamento estivesse sempre presente em nosso pensamento, santificaríamos todos os nossos momentos!

Vejamos, agora, as quatro incertezas da morte:
QUANDO VIRÁ? Deus oculta o nosso último dia, porque ao contrário não teríamos paz; mas também para que não se fosse tentado a deixar para se converter para perto do dia fatal. "Deus ocultou-nos o último dia, diz Santo Agostinho, para que santificássemos todos os dias". Jesus Cristo manda a gente ficar sempre vigilante e preparado: ocultando-me o termo da minha  vida, obriga-me a vigiar sobre mim, e a servi-Lo todos os instantes da minha vida. E caríssimos, vemos como é grande o número de mortes repentinas: daí estejamos sempre preparados.

EM QUE LUGAR? Em casa, na rua, na estrada, no hospital, em terra, no mar? Não sabemos! Nem se sabe com certeza, se morrerá em sua terra e em terras estrangeiras.

EM QUE CIRCUNSTÂNCIAS: Como será minha morte? Não sei se será repentina ou depois de longa e dolorosa doença; não se sabe se morrerá cercado dos cuidados dos familiares ou, se só e, talvez até abandonado. Será a morte violenta em algum acidente ou por doença? Não se sabe! Será no fogo, na água, numa queda, causada por catástrofes naturais ou por guerra. Não sabemos!

NO ESTADO DE GRAÇA OU DE PECADO MORTAL: Eis a incerteza mais terrível, mas, por outro lado, a  que mais depende de nós mesmos. Como vimos no início, o próprio Espírito Santo nos aconselha a meditação dos Novíssimos, para evitarmos sempre o pecado. Devemos empregar todos os meios para evitarmos o pecado, porque ele separado da morte é o maior de todos os males; e unido à morte, o pecado mortal é a consumação de todos os males. Ó meu Deus, deixai-nos a morte, mas tirai-nos o pecado! Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós! Amém!

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