sábado, 19 de março de 2022

ORAÇÃO A S. JOSÉ PELA CONVERSÃO DE UM PECADOR

 Oração a S José p obter a conversão de um pecador.

Justo José, eu vos recomendo incessantemente a salvação da alma de ... (fala o nome) q Jesus resgatou à custa do seu sangue. Vós sabeis, grande santo, quanto são infelizes aqueles q, tendo expulsado do seu coração o Divino Salvador, ficam expostos a perdê-Lo por toda a eternidade; não permitais pois q esta alma, q me é tão querida, fique por mt tempo separada d'Ele; fazei-lhe conhecer os perigos q a ameaçam; falai fortemente ao seu coração, reconduzi este filho pródigo ao melhor dos pais, e não o deixeis sem lhe terdes aberto às portas do céu, onde vos bendirá eternamente pela felicidade q lhe tiverdes procurado. Amém!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

A JUSTIÇA E A MISERICÓRDIA DE DEUS

 Ao meditar o Salmo 72, falamos sobre a Justiça de Deus; e na meditação do Salmo 102, consideramos a Sua Misericórdia. Vamos, com a graça de Deus, considerar agora a Justiça e a Misericórdia em Deus, seguindo S. Tomás de Aquino, Suma Teológica, 1ª Parte, questão 21. Resumirei os 4 artigos. 

No Artigo 1º S. Tomás prova que em Deus há Justiça: "O Senhor é justo e Ele amou a justiça" (Salmo X, 8). Há duas espécies de justiça: 1- a comutativa, isto é, reguladora das trocas e tratos. Essa não convém a Deus, segundo diz S. Paulo: "Quem Lhe deu alguma coisa primeiro para que tenha de receber em troca?" (Rom XI, 35); 2- a distributiva: pela qual um governador ou administrador dá segundo a dignidade de cada um. Esta convém a Deus. A Justiça em Deus, umas vezes, é conveniência com a sua bondade, e, outras, é retribuição dos méritos. E cita S. Anselmo: "Senhor, sois justo punindo os maus, porque é isso exatamente o que mereceram; mas sois justo também quando os perdoais, porque isso está de acordo com a Vossa bondade". 

No Artigo 2º S. Tomás prova que a Justiça de Deus é verdade. Cita o Salmo 84, 11: "A  misericórdia e a verdade se encontraram". E o doutor angélico demonstra que aí a palavra VERDADE  significa JUSTIÇA. 

No Artigo 3º S. Tomás prova que a MISERICÓRDIA convém a Deus, isto é, que Deus é misericórdia. E cita o Salmo 110, 4: "O Senhor é misericordioso e compassivo". Deus age misericordiosamente quando faz alguma coisa além da sua justiça, não contra ela. Por ex.: quem desse 200 reais ao credor, ao qual só deve 100 reais, não pecaria contra a justiça, mas agiria liberal e misericordiosamente. O mesmo se daria com quem perdoasse a injúria que lhe foi feita. Donde se conclui que, a misericórdia não suprime a justiça, mas é uma certa plenitude dela. Por isso é que a Sagrada Escritura diz: "A misericórdia triunfa do juízo" (Tiago II, 13). 

No Artigo 4º S. Tomás mostra que em todas as obras de Deus, há misericórdia. Cita o Salmo 24, 10: "Todos os caminhos do Senhor são misericórdia e verdade". Deus nada pode fazer que não convenha à Sua Sabedoria e à Sua Bondade. Deus, pela abundância da sua Bondade, concede o devido a uma criatura mais largamente do que o exigiriam as proporções dela. Porque, para conservar a ordem da justiça, bastaria menos do que o conferido pela divina Bondade, que, na verdade excede toda a proporção da criatura. Quanto aos que se condenam, Deus manifesta a sua misericórdia, não porque perdoa totalmente (porque a justiça exige o inferno) mas, de algum modo aliviando no sentido de que Deus pune, aquém do merecido. Por outro lado, na justificação do pecador manifesta-se a justiça, perdoando as culpas por causa do amor, que entretanto Deus infunde misericordiosamente, como Jesus disse de Madalena: "Muitos pecados lhe foram perdoados porque muito amou" (Lc VII, 47). Também nas provações que Deus manda aos justos, entram a justiça e a misericórdia, porque essas aflições fazem os justos expiar alguns pecados leves e os separam dos afetos terrenos, elevando-os para Deus. Amém!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

MEDITAÇÃO SOBRE O SALMO 102 (103)

Caríssimos e amados irmãos (ãs) em Nosso Senhor Jesus Cristo!

Vamos, com a graça de Deus, meditar um pouco sobre o Salmo 102, que é um cântico das misericórdias de Deus. A alma bendiz o Senhor por todas as provas de bondade que tem recebido d'Ele. O Salmista convida sua alma com todas as suas potências, a bendizer a Deus: primeiramente, dá ações de graças pelo perdão de todas as suas maldades e a cura de todas as suas enfermidades, sobretudo as da alma. Deus, na verdade, nos livra da morte e nos abençoa com sua misericórdia e com suas graças. Porque Ele é compassivo, misericordioso e paciente. Não ficará irado para sempre, nem nos tratou com o rigor que nossos pecados mereciam. Pois, como o Céu está muito acima da Terra, e o Oriente está distante do Ocidente, assim Ele afasta de nós os nossos pecados. Como um pai trata os seus filhos com bondade, assim Nosso Senhor se compadece daqueles que o temem. E é bom lembrar que não se trata de um temor de escravo o que Deus quer, mas um temor de filho, que, reconhecendo, de um lado, a bondade do Pai do Céu, e, de outro, a sua fraqueza, teme vir a ofender a Ele. 

Na verdade, a misericórdia e a justiça em Deus andam juntas e até se abraçam e se beijam. É o que diz o Espírito Santo no Salmo 84, 11: " A misericórdia e a verdade (i é, a justiça se encontraram e abraçaram; e a justiça e a paz (i é, a misericórdia) se beijaram". Justamente por ser a própria justiça, Deus leva em conta a nossa fraqueza e a nossa miséria. Vê a nossa boa vontade e assim, sabe que, quando caímos, é mais por fraqueza que por malícia. É o que o Salmo 102 nos versículos 14-16 expressa; Deus sabe de que barro fomos formados, sabe que somos fracos como a erva e a flor do campo, que logo murcham, caem e são levados pelo vento.  Então assim, Deus espera o pecador com toda paciência; vai a sua procura com toda solicitude; e, quando o pecador se arrepende, se humilha, e, como o filho pródigo, novamente se volta para o seu Pai do Céu, este o recebe com alegria, abraça-o e beija-o. E Jesus convoca todos os anjos e santos do Céu a se alegrarem. No término da parábola da ovelha perdida, Jesus diz: "Há mais alegria no Céu por um pecador que faz penitência, do que por 99 justos que não precisam fazer penitência". É óbvio que não se trata de abraçar o pecador com pecado e tudo, mas o pecador que se converte. 

E caríssimos, a misericórdia de Deus é eterna e para todos aqueles que O amam e por isso temem ofendê-Lo. Quando caem, tanto a justiça como a misericórdia divinas espalham-se sobre eles para os perdoar. E Deus perdoa de tal modo que Ele esquece tudo. É como se a pessoa nunca tivesse caído em pecado. É o que Deus diz em Isaías 43, 25: "Se o pecador se arrepender e fizer penitência, não me lembrarei mais dos seus pecados". 

No fim do Salmo, o Salmista convida os Anjos e todas as demais criaturas a bendizerem a Deus, tão bom e tão misericordioso. E termina com as mesmas palavras com que se inicia: "Bendize, ó minha alma, o Senhor!" Amém!

sábado, 12 de fevereiro de 2022

MEDITAÇÃO

 Antes da meditação podemos fazer esta oração: Meu Pai do Céu, q com a vossa imensidade encheis o Céu e a Terra, eu me humilho diante de Vós e Vos adoro aqui presente. Peço- Vos humildemente perdão de tantos pecados q me tornam indigna(o) de estar na vossa presença. Peço- Vos que me ilumineis a inteligência p entender, e a vontade p abraçar as verdades q vou meditar, a fim de Vos dar honra e glória e trazer à minha alma proveito espiritual. Maria SS amparai-me! Meu Anjo da Guarda, sugeri-me as reflexões mais oportunas e os afetos e resoluções mais úteis à salvação da minha alma! Amém!

Maria Madalena escolheu a melhor parte. Direção Espiritual sobre a MEDITAÇÃO. Havia prometido q, se for da vontade de Deus, faria pequenas meditações sobre os mistérios do santo Rosário. Como hoje em dia, pouquíssimas pessoas sabem como fazer meditação, apresentarei, antes, um breve método segundo S Francisco de Sales.
Primeiramente, deve haver uma PREPARAÇÃO. Consiste ela em 3 pontos: 1- colocar-me na presença de Deus; 2- pedir-Lhe luzes e inspirações; 3- propor-se o mistério q se quer meditar.
Falaremos sobre estes 3 pontos.
Senhor, ensinai-me a meditar! Amém!


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

domingo, 6 de fevereiro de 2022

H0MILIA DO 5º DOMINGO DEPOIS DA EPIFANIA

Homilia do 5° domingo depois da Epifania: Mt XIII, 24-30. Parábola do joio. Um homem (Jesus=o Filho do Homem) semeou o trigo (os filhos do reino=os bons) no seu campo (o mundo=a Igreja e a Sociedade). À noite, veio o homem inimigo (demônio) e semeou o joio (os filhos do maligno=os maus). Os empregados propuseram ao dono, eles irem arrancar o joio q havia crescido no meio do trigo. O patrão, porém, achou melhor deixar crescer assim juntos o trigo e o joio, e qd chegasse o tempo da colheita (o fim do mundo), então os segadores (anjos) deveriam cortar o joio e jogar no fogo ( inferno). E o trigo, recolher no celeiro (o Céu).
Então, é certo que sempre haverá esta mistura de bons e maus. Por misericórdia p com os maus: tempo p a conversão, os bons exemplos e conselhos dos bons. Para os bons: ocasião p praticar a caridade e a paciência. Amém!
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Lilian Vasconcelos, Fatima Tinha e outras 29 pessoas
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domingo, 30 de janeiro de 2022

Homilia do 4º domingo depois da Epifania

 


HOMLIA DOMINICAL

 Homilia do 4° domingo depois da Epifania: Mt VIII, 23-27. Esta grande tempestade é símbolo das provações de nossa vida: tentações (carne, mundo, demônio), doenças, mortes de parentes e amigos, injustiças, perda dos bens, calúnias, perseguições e injúrias por invejas. Esta barca, sacudida pelos ventos e ondas, é símbolo da nossa alma atingida por aquelas provações. Jesus estava na barca, mas dormia no momento da tempestade. Os Discípulos O acordaram gritando: "Senhor, salvai-nos porque estamos num iminente perigo de morrermos afogados!" Jesus acalmou a tempestade, mas censurou a pouca fé de seus discípulos: Porque temais, homens de fé mesquinha!" Tinham fé: por isso, recorreram a Jesus. Mas uma fé ainda bem pequena na divindade de Jesus. Por isso temeram e acharam necessário acordar a Jesus. Sendo um Deus-Homem, tanto dormindo como acordado, sua divindade sempre governa tudo com força e suavidade.

Senhor, aumentai a minha fé e confiança em Vós! Amém

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

DIREÇÃO ESPIRITUAL SOBRE A PAIXÃO DOMINANTE DO ORGULHO

 Direção Espiritual sobre a paixão dominante do ORGULHO. Suas más inclinações: egoísmo, obstinação, mania de domínio levado até a tirania, dureza de coração, cólera (repele violentamente o q lhe faz mal ou resistência e excita o desejo de vingança), indelicadeza, brutalidade, vaidade, desmedido desejo de honrarias, altivez, desobediência, mania de coisas grandes, complacência de si mesmo (narcisismo), presunção. A maioria dos hereges pertence a este tipo de gente.

Boas tendências: capacidade de governar, espírito de iniciativa, coragem, energia, diligência, visão clara do q pretende.
COMO EDUCAR: Esta paixão dominante deve ser constantemente disciplinada pela graça de Deus. Na vida religiosa, o seu desejo de coisas grandes, de vencer grandes desafios, de alcançar a honra da vitória, deve ser encaminhado para procurar a honra e glória de Deus na salvação das almas. Um ex. neste ponto é S. Inácio de Loiola.
"TUDO PARA A MAIOR GLÓRIA DE DEUS! AMÉM

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

AOS GÁLATAS

 AOS GÁLATAS

 

Dom Fernando Arêas Rifan*

           

                  O livro proposto para estudo neste cinquentenário do Mês da Bíblia, é a Carta de São Paulo aos Gálatas.

                  Os Gálatas, habitantes da Galácia, na Turquia atual, eram originários das tribos celtas da Gália. Ali foram fundadas comunidades cristãs, visitadas por Paulo, que lhes escreve esta carta.

               Os cristãos desta comunidade foram visitados por cristãos extremados de origem judaica, que ensinavam que, sem a circuncisão e a Lei de Moisés, hão haveria salvação: são os judaizantes. Estes tentavam enfraquecer a autoridade de Paulo, difamando-o. São Paulo até suportaria em silêncio as ofensas pessoais, mas não podia permitir que a autenticidade do Evangelho fosse negada por estes que queriam impor aos cristãos a Lei de Moisés, negando o aperfeiçoamento trazido pelo Evangelho. Por isso, Paulo lhes escreve com veemência esta carta.

            O principal objetivo desta carta é mostrar a caducidade da Lei de Moisés após a vinda de Cristo. A promessa feita a Abraão, nosso pai na fé, de que todos os povos seriam nele abençoados, é independente da Lei de Moisés, que veio 130 anos depois dessa promessa. Todos os povos são abençoados pela fé na promessa de Deus de um Salvador, o Messias, Jesus Cristo. A Lei de Moisés, tinha a finalidade de conduzir o povo ao Messias, o Cristo, e deveria desaparecer com a vinda dele, pois terminou a sua função.

            Daí, como consequência, a liberdade dos cristãos, com relação à lei antiga. Foi importante a missão de São Paulo em desatrelar o cristianismo do judaísmo. Paulo, judeu, inspirado por Deus, compreendeu a provisoriedade da Lei de Moisés. Mas, - cuidado! - essa epístola, chamada por Lutero a “magna carta da Liberdade Cristã”, apregoa a liberdade em relação à Lei Mosaica, não frente a toda lei: o cristão, está obrigado a praticar as obras da lei superior da caridade e da graça.

            Quando Paulo afirma que somos salvos pela Fé, e não pelas obras da Lei, significa que entramos na justificação e na amizade com Deus não porque tenhamos praticado obras boas e meritórias, mas unicamente porque Deus nos chamou e temos fé nesse chamado, como Abraão. Assim, ninguém compra a amizade com Deus ou ninguém sai do estado de pecador porque o mereça: é um dom gratuito de Deus, a graça, que perdoa o pecado e nos dá a filiação divina. Mas ninguém permanece na amizade de Deus, gratuitamente recebida, se não pratica as boas obras que essa amizade nos impõe: “Em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor, mas a fé agindo pela caridade” (Gl 5,6). São Tiago, corrobora essa doutrina. Não nega a gratuidade da justificação (cf. Tg 1,8), mas ensina a necessidade das boas obras como fruto da graça no cristão (cf. Tg 2, 14-26).

            A Epístola aos Gálatas contém a doutrina da liberdade cristã, do mistério da cruz e da profissão da filiação divina: “A vós, a graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Ele se entregou por nossos pecados, para nos libertar do presente mundo mau, segundo a vontade de nosso Deus e Pai” (Gl 1, 3-4).

 

        *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

                                                                                                                                                                             São João Maria Vianney

                                                                                                         http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

 

 

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

O MÊS DA BÍBLIA

 O MÊS DA BÍBLIA

 

                                                          Dom Fernando Arêas Rifan*      

           

Setembro é o mês da Bíblia. Comemorando neste ano o cinquentenário dessa instituição na Igreja do Brasil, teremos ocasião para refletir sobre a Palavra de Deus escrita para nosso bem.

Segundo o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, “celebrar o cinquentenário do Mês da Bíblia significa para toda nossa Igreja no Brasil o primado da Palavra de Deus”. Que “o anúncio da Palavra de Deus se torne, portanto, nesse caminho do Mês da Bíblia, a reafirmação do compromisso e a efetivação da missão de colocar a Palavra de Deus em primeiro lugar na vida da Igreja, na vida da família, na vida da comunidade de fé e na vida pessoal de cada um de nós”.

O livro proposto para estudo neste cinquentenário do Mês da Bíblia, é a Carta de São Paulo aos Gálatas, com o lema “Pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3, 28).

“A Palavra de Deus é viva, não morre nem envelhece, permanece para sempre. Está viva e dá vida. A Palavra, de fato, traz ao mundo o respiro de Deus, infunde no coração o calor do Senhor através do sopro do Espírito. A pregação não é um exercício de retórica e nem mesmo um conjunto de sábias noções humanas: seria somente lenha. É ao invés compartilha do Espírito, da Palavra divina que tocou o coração do pregador, o qual comunica aquele calor, aquela unção. Seria belo que a Palavra de Deus se tornasse sempre mais o coração de toda atividade eclesial” (Papa Francisco, 17/9/2020).

É de São Jerônimo, o grande tradutor dos Livros Santos, a célebre frase: “Ignorar a Sagrada Escritura é ignorar o próprio Cristo”.

O ponto central da Bíblia, convergência de todas as profecias, é Jesus Cristo. O Antigo Testamento é preparação para a sua vinda e o Novo, a realização do seu Reino. “O Novo estava latente no Antigo e o Antigo se esclarece no Novo” (Santo Agostinho).

A Bíblia é um livro divino e humano: inspirada por Deus, mas escrita por homens, por Deus movidos e assistidos enquanto escreviam.  A Bíblia não é um livro só, mas um conjunto de 73 livros, redigidos por autores diferentes, em épocas, línguas, estilos e locais diversos, num espaço de tempo de cerca de mil e quinhentos anos. Sua unidade se deve ao fato de terem sido todos eles inspirados por Deus, seu autor principal e garantia da sua inerrância.

Mas a Bíblia não é um livro de ciências humanas. Por isso a Igreja Católica reprova a leitura fundamentalista da Bíblia, que teve sua origem na época da Reforma Protestante e que pretende dar a ela uma interpretação literal em todos os seus detalhes, o que não é correto.

A Bíblia não é um livro fácil de ser lido e interpretado. São Pedro, falando das Epístolas de São Paulo, nos diz que “nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras” (II Pd 3, 16).

O cristianismo é a religião da Palavra de Deus.

 

        *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                São João Maria Vianney

                                                                         http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

 

 

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

SEJAMOS PATRIOTAS

SEJAMOS PATRIOTAS

                                                           Dom Fernando Arêas Rifan* 

    

Estamos na Semana da Pátria. No próximo dia 7 comemoraremos a Independência do Brasil, o nascimento do nosso país como nação. Data especial para cultivarmos a virtude do patriotismo, dever e amor para com o nosso país, incluído no 4º Mandamento da Lei de Deus.

Jesus, nosso divino modelo, amava tanto sua pátria, que chorou sobre sua capital, Jerusalém, ao prever os castigos que sobre ela viriam, consequência da sua infidelidade aos dons de Deus. Não temos também motivos para chorar sobre nossa pátria amada? Nação que nasceu cristã, mas que anda esquecida dos valores cristãos legados pelos nossos missionários, presa de ideologias espúrias; povo nem sempre bem educado, nem sempre pacífico nem cortês e que não sabe escolher bem seus representantes; na política, além da falta de harmonia e equilíbrio entre os poderes,  a corrupção, a falta de honestidade, ética, honradez, com total desprezo das virtudes humanas e cristãs, necessárias ao bom convívio e à vida em sociedade.

Observando as redes sociais, notamos a ausência total do respeito à opinião alheia, o ódio, a incitação à violência, a falta de humildade e modéstia, o desaparecimento da tolerância, do respeito pelas consciências, do apreço pela verdade, o disseminar de calúnias, intrigas e suspeitas. Tudo isso se constitui no oposto às virtudes humanas e cristãs, que são a base da civilização. 

E as virtudes da honestidade, da não acepção de pessoas, da caridade desinteressada, do comedimento no falar, do respeito para com o próximo, do amor pela verdade, da convicção religiosa, da constância, da fidelidade nas promessas, do cumprimento da palavra dada?

Segundo Aristóteles, “o homem é por natureza um animal político, destinado a viver em sociedade” (Política, I, 1,9). Política vem do grego pólis, que significa cidade. E, continua Aristóteles, “toda a cidade é evidentemente uma associação, e toda a associação só se forma para algum bem, dado que os homens, sejam eles quais forem, tudo fazem para o fim do que lhes parece ser bom”. E Santo Tomás de Aquino cunhou o termo bem comum, ou bem público, que é o bem de toda a sociedade, dando-o como finalidade do Estado. “A comunidade política existe... em vista do bem comum; nele encontra a sua completa justificação e significado e dele deriva o seu direito natural e próprio. O bem comum compreende o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (Gaudium et Spes, 74). Daí se conclui que a cidade – o Estado - exige um governo que a dirija para o bem comum. Não se pode separar a política da direção para o bem comum. Procurar o bem próprio na política é um contrassenso.

Como cristãos, nós sabemos que a base da moral e da ética é a lei de Deus, natural e positiva, traduzida na conduta pelo que se chama o santo temor de Deus ou a consciência reta e timorata. Uma vez perdido o santo temor de Deus, perde-se a retidão da consciência, que passa a ser regida pelas paixões. Uma vez abandonados os valores morais e os limites éticos, a sociedade fica ao sabor das paixões desordenadas do egoísmo, da ambição e da cobiça.

 

        *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

                                                                                                                                                                                                                                                                                        São João Maria Vianney

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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

A ARCA PERDIDA APARECEU

 A ARCA PERDIDA APARECEU

 

                                                          Dom Fernando Arêas Rifan*   

 

 

            O primeiro filme da saga Indiana Jones – Os caçadores da Arca Perdida – traz a história de Indiana Jones e um grupo de nazistas procurando a Arca da Aliança, que Hitler acreditava ter poderes misteriosos para tornar seu exército invencível. Tudo isso é ficção, é claro.

            O que era a Arca da Aliança? O ponto central do povo de Deus no Antigo Testamento era o Tabernáculo, que continha essa Arca da Aliança, sinal vivo da presença de Deus no meio do povo hebreu. A Arca da Aliança era uma urna feita de acácia, madeira incorruptível, revestida de ouro, com uma tampa também de ouro puro, encimada por dois querubins de asas abertas, em gesto de adoração. Essa tampa chamava-se propiciatório, e representava a presença de Deus.  A Arca continha as tábuas da Lei - o Decálogo, os dez mandamentos dados a Moisés - o cetro de Aarão e um pote com o maná, aquele pão milagroso que alimentou o povo durante quarenta anos no deserto. Esta Arca, que era levada em procissões solenes, foi muito honrada e louvada pelo Rei Davi, que a instalou sob a tenda do santuário real de Jerusalém. O rei Salomão a introduziu no Templo de Jerusalém, por ele magnificamente construído. Ao lado da arca se depositava o livro da Lei ou da Aliança, daí o nome de Arca da Aliança.  

            Parece que esta arca teria desaparecido quando da invasão dos babilônios, chefiados por Nabucodonosor, que destruíram Jerusalém e o Templo de Salomão no ano 587 A.C.. O segundo livro dos Macabeus (2, 1-8) diz que, na ocasião, a Arca foi escondida por Jeremias numa gruta do Monte Nebo, local nunca achado, e que reaparecerá no fim dos tempos.

O livro do Apocalipse (Revelação), que trata dos últimos tempos, fala do reaparecimento da Arca: “Abriu-se o Santuário de Deus que está no céu, e apareceu no Santuário a Arca da sua Aliança... Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas. Estava grávida...” (Ap 11, 19 – 12, 2). Quem é essa mulher-mãe, que seria a Arca da Aliança, que teria um filho que governaria todas as nações, a quem o dragão (o demônio), não conseguiria derrotar?

            A Constituição Apostólica Munificentissimus Deus do Papa Pio XII, sobre a definição do dogma da Assunção de Nossa Senhora em corpo e alma ao céu, cita os Santos Padres da Igreja ao interpretar textos da Sagrada Escritura, referindo-se a Nossa Senhora. Assim, a propósito, o Salmo: “Erguei-vos, Senhor,...Vós e a Arca da vossa santificação” (Sl 131, 8). E, na Arca da Aliança, feita de madeira incorruptível e colocada no templo de Deus, viam como que uma imagem do corpo puríssimo da virgem Maria, preservado da corrupção do sepulcro, e elevado a tamanha glória no céu. Do mesmo modo, ao tratar desta matéria, descrevem a entrada triunfal da Rainha na corte celeste, e como se vai sentar à direita do divino Redentor (Sl 44,10.14-16).

            Como Jesus honrou a sua Mãe, honramos nós também a Virgem Maria, a nova Arca da Aliança, que conteve em seu seio, assim como simbolicamente continha a antiga Arca, o Filho de Deus feito homem, Jesus Mestre (os dez mandamentos), o pão da vida eterna, a Eucaristia (o maná), o sumo sacerdote da nova lei (o cetro de Aarão).

 

        *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       São João Maria Vianney

                                                                         http://domfernandorifan.blogspot.com.br/


quinta-feira, 12 de agosto de 2021

A VACINA DA ORAÇÃO

 Devemos beber nas fontes da graça: o Santo Sacrifício da Missa, os Sacramentos, a ORAÇÃO. Existimos e nos movemos em Deus. É pela vida de oração que permanecemos unidos a Deus. A própria Missa e os Sacramentos ficarão sem todo efeito na alma que não tem espírito de oração. Ela fica sem a luz e a força dos raios vivificantes do Sol da Justiça (= santidade) que é Nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo torna-se tíbio (= morno). Por conseguinte, não há imunidade contra o vírus do pecado. A alma sem oração é anêmica, fraca. 

Caríssimos, a oração bem feita é a vacina 100 % eficaz contra os vírus disseminados pelo mundo e pelo demônio. Quereis saber qual é a mais terrível epidemia dos nossos tempos? A falta de oração e, sobretudo, de oração bem feita. Vivemos num mundo de barulho e de uma agitação febril pelas coisas terrenas. Donde é preciso distanciamento do mundo com seus vícios e concupiscências. Fiquemos em casa, na casa do recolhimento e da oração!!!

"Senhor, quando Vos invoco, é que eu conheço que sois o meu Deus!" (Salmo 55, 10) Amém!



quarta-feira, 4 de agosto de 2021

O DIA DO PADRE

 O DIA DO PADRE

                                                            Dom Fernando Arêas Rifan*   

 

            Hoje é o dia de cumprimentarmos todos os nossos sacerdotes, que seguindo a sua vocação, se tornaram “outro Cristo”, seus ministros, dedicando-se totalmente às nossas almas, esgotando-se ao seu “serviço”, não tendo outra profissão que a dedicação a Deus e à sua Igreja.

            Por que hoje? Porque hoje se celebra o patrono de todos os padres, São João Maria Vianney, o Cura ou Pároco da cidadezinha francesa de Ars, “modelo sem par, para todos os países, do desempenho do ministério e da santidade do ministro”, no dizer de São João Paulo II, paradigma para a nova evangelização. 

Nascido de uma família de camponeses católicos e muito caridosos, João Maria tinha sete anos quando o “Terror” da Revolução Francesa reinava em Paris e os padres eram exilados ou mortos. Recebeu a primeira comunhão aos treze anos, durante o segundo Terror, quando a igreja de sua cidade foi fechada e as tropas revolucionárias atravessavam a paróquia. O governo revolucionário estabeleceu a constituição civil do clero e só os padres que faziam esse juramento cismático eram conservados nos cargos. Os outros padres, fiéis à Igreja e que não aceitavam aquele cisma, eram perseguidos, mas atendiam secretamente os fiéis nos paióis das fazendas. Foi a visão desses heróis da fé que fez surgir no jovem Vianney a sua vocação sacerdotal. Candidato, pois, ao heroísmo e à cruz no ministério.

Enfrentou dificuldades no Seminário, donde chegou a ser despedido por incapacidade nos estudos, teve problemas com o serviço militar, conseguiu, porém, aos vinte e nove anos, ser ordenado sacerdote, mas sem permissão para ouvir confissões. Após três anos, foi enviado a uma pequeníssima paróquia, Ars, onde permaneceu durante 42 anos, até o fim da sua vida.

“Há pouco amor de Deus nessa paróquia”, disse-lhe o Vigário Geral ao nomeá-lo, “Vossa Reverendíssima procurará colocá-lo lá”. De fato, Ars, nesse período pós Revolução Francesa, estava esquecida de Deus: pouca frequência às Missas, trabalho contínuo nos domingos, bailes, blasfêmias, etc. O Pe.Vianney começou com penitências e orações próprias. Pregação e catequese contínuas, visitas às famílias e caridade para com os pobres. A Igreja foi se enchendo. Ouvia confissões desde a madrugada até a noite. Peregrinos de toda a França acorriam a Ars, chegando a cem mil por ano. Suas pregações eram assistidas por bispos e cardeais. Seu catecismo era ouvido por grandes pregadores que ali vinham aprender com tanta sabedoria. Morreu aos 74 anos, esgotado pelas penitências e trabalhos apostólicos no ministério sacerdotal. Dizia esse herói da Fé: “É belo morrer depois de ter vivido na cruz”.

Durante a JMJ, na Missa na Catedral do Rio, o Papa Francisco nos lembrou: “Não é a criatividade, por mais pastoral que seja, não são os encontros ou os planejamentos que garantem os frutos, embora ajudem e muito, mas o que garante o fruto é sermos fiéis a Jesus, que nos diz com insistência: ‘Permanecei em mim, como eu permaneço em vós’ (Jo 15,4)”. Rezemos sempre pelos nossos sacerdotes. Sua santificação nos interessa muito.

 

        *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                São João Maria Vianney

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quinta-feira, 8 de julho de 2021

OS BONS CRISTÃOS

OS BONS CRISTÃOS

 

                                                          Dom Fernando Arêas Rifan*        

                                              

            Quando se quer conhecer uma empresa ou uma agremiação, o melhor espelho dela são os seus bons membros, que compensam as fraquezas dos maus. Os bons, os que seguem as normas e são corretos, são os que verdadeiramente representam a empresa ou agremiação. Quem quiser conhecer os brasileiros, não deve ir ao presídio. Ali não estão os melhores cidadãos. Mas deve pesquisar as pessoas honradas e cumpridoras dos seus deveres.

            O mesmo acontece com a Igreja. Quem quiser conhece-la, e ela tem vinte séculos, deve olhar, não os hereges ou os maus cristãos, mas os santos. Esses realmente a representam e são exemplos para todos. Esses são os verdadeiros cristãos, os que seguiram os seus ensinamentos.

“A santidade é o rosto mais belo da Igreja” (Papa Francisco – Gaudete et Exsultate, 9). E a Igreja tem santos de todas as condições e classes sociais, a nos ensinar que qualquer um, de qualquer posição ou profissão, pode vir a ser santo. São os modelos de cristãos. 

No último dia 3, foi nos proposta a veneração de São Tomé, apóstolo, muito conhecido pela recusa em acreditar na ressurreição de Jesus, a menos que o visse com seus próprios olhos e tocasse nas cicatrizes de suas chagas. São Gregório Magno comenta que “mais nos serviu para a nossa fé a incredulidade de Tomé, que a fé dos discípulos fiéis”. Pois, tendo Jesus lhe aparecido, o fez tocar nas suas chagas, recebendo dele a firme profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus!”. São João afirma, o que São Tomé corrobora: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e o que as nossas mãos apalparam... nós vos anunciamos” (1Jo 1, 1). Ele pregou o Evangelho na Pérsia, onde foi martirizado pela sua Fé, apagando com o seu sangue, seu pecado de incredulidade.  

Domingo passado, transferido do dia 29 de junho, tivemos a solenidade de São Pedro e São Paulo. Pedro, escolhido de propósito por Jesus para chefe e fundamento da sua Igreja, engloba a fraqueza humana e a força divina que o sustentava e sustenta em seus sucessores, vigários de Cristo na terra. Paulo, fariseu fanático, convertido no encontro com Jesus ressuscitado, tornou-se o grande propagador do cristianismo no mundo pagão greco-romano.

No dia 6, festejamos Santa Maria Goretti, denominada a Santa Inês do século XX, assassinada em 6 de julho de 1902, com 12 anos de idade, porque preferiu morrer a ofender a Deus, pecando contra a castidade, como a queria forçar seu assassino. Era uma menina de família católica, de boa formação. Exemplo de resistência às seduções e assédios.

Dela disse o Papa Pio XII: “Santa Maria Goretti pertence para sempre ao exército das virgens e não quis perder, por nenhum preço, a dignidade e a inviolabilidade do seu corpo. E isso não porque lhe atribuísse um valor supremo, senão porque, como templo da alma, é também templo do Espírito Santo. Ela é um fruto maduro do lar cristão, onde se reza, onde se educam os filhos no temor de Deus e na obediência aos pais. Que o nosso debilitado mundo aprenda a honrar e a imitar a invencível fortaleza desta jovem virgem”.

 

        *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 São João Maria Vianney

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