domingo, 31 de julho de 2011

O MINISTRO DO SACRIFÍCIO DA SANTA MISSA

   Na única Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja Católica, o Sacerdote e a Vítima são um só: Jesus Cristo. Como diz o Concílio de Trento: " Uma e a mesma Vítima ( na Cruz e no Altar) e Aquele que agora oferece pelo ministério do sacerdote é o mesmo que outrora se ofereceu na Cruz, sendo diferente apenas o modo de oferecer. Em cada consagração, o único sacerdote é Jesus Cristo. O celebrante reduz-se a instrumento, agindo sob o influxo imediato de Cristo, pois que as palavras que transusbstanciam é Cristo que as pronuncia pela boca de seu ministro. Portanto, Jesus Cristo é o Sumo Sacerdote. Pois, se Ele se ofereceu como Hóstia no altar da Cruz, e se a Missa representa sacramentalmente esta mesma oblação e imolação da Vítima, perpetuando o Sacrifício da Cruz, é porque Jesus Cristo é o único e Sumo Sacerdote. Assim sendo, Jesus Cristo continua influindo atualmente na oblação de cada Missa que é celebrada. "O sacerdócio de Cristo, como disse Pio XII na "Mediator Dei", é sempre atual, , por todo o decurso dos séculos, visto que a Sagrada Liturgia outra coisa não é que o exercício deste múnus sacerdotal". Portanto, em todas as Missas, Cristo que é Vítima e Sacerdote, se oferece pessoalmente a Deus na Consagração, renovando os sentimentos de obediência que outrora enchiam a sua alma no Calvário. Se a essência da Missa está nas palavras da transubstanciação, e se então o ministro humano apenas empresta a Cristo a sua língua e lhe cede as suas mãos, fica claro que Cristo intervém atualmente para se imolar de modo incruento, oferecendo ao Pai o Sacrifício, através de seus sacerdotes. Por isso mesmo as palavras da consagração têm valor pela própria ação que é feita "ex opere operato". São pronunciadas por Cristo e não, simplesmente, a mandado de Cristo. Obervemos bem o seguinte: Nos outros sacramentos, o ministro age como pessoa distinta de Cristo, embora instrumento d'Ele, usando de um poder que lhe vem de Cristo, servindo-se de gestos e palavras ditadas por Cristo. Na eucaristia, o ministro representa imediatamente a pessoa de Cristo. Por exemplo, no batismo diz: eu te batizo; na penitência: eu te absolvo, etc. Mas na Consagração diz: Isto é o meu Corpo; Este é o cálice do meu Sangue. Na Eucaristia a "forma" é constituída por palavras proferidas pelo mesmo Cristo e que o ministro repete em lugar de Cristo; a sua persolnalidade como que desaparece para dar lugar a Cristo. Nas outras partes da Missa, o celebrante fala como delegado da Igreja, em cujo nome oferece o Sacrifício.
   São Paulo diz em Hebr. VII, 24 e 25: "Este ( =Cristo), porque permanece para sempre, tem um sacerdócio que não passa; por isso pode salvar os que por Ele se aproximam de Deus, vivendo sempre para interceder por nós". Na Missa Jesus  "se apresenta a Deus por nós" (Hebr. IX, 24) e renova a Sua oblação redentora. No Céu Jesus Cristo está vivo com Corpo, Sangue, Alma e Divindade mas conserva as suas chagas como um Cordeiro que parece ter sido imolado. Na terra, Jesus intervém pessoalmente e atualmente em cada Missa. E depois da Consagração está realmente presente sobre o Altar, vivo como está no céu.
    Em virtude da íntima união da Cabeça(Cristo) ao Seu Corpo Místico(a Igreja) Jesus deve continuar viver na sua Igreja e a operar atualmente por ela. Portanto, Jesus opera na Sua Igreja, não simplesmente porque instituiu o sacerdócio como seu embaixador. Não. Ele pessoalmente continua operando. A Missa não se reduz a pura lembrança do passado. É passado que se torna presente. Por isso a Missa é a oblação pessoal e atual do próprio Cristo pelo ministério de seus sacerdotes.
   Na próxima postagem, se Deus quiser, veremos o porquê dos sacerdotes na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.

sábado, 30 de julho de 2011

A SANTA MISSA: Pergunta e Resposta

   PERGUNTA: A SANTA MISSA É UM SACRIFÍCIO. LOGO, CRISTO É IMOLADO NO ALTAR. MAS, HOJE CRISTO É RESCUSCITADO, GLORIOSO, E NÃO PODE SOFRER NEM MORRER DE NOVO. COMO SE EXPLICA?
   RESPOSTA: COMO NÓS JÁ VIMOS, O SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA É ESSENCIALMENTE O MESMO SACRIFÍCIO DO CALVÁRIO. MAS, EM PONTO NÃO ESSENCIAL, OU SEJA, NO MODO O SACRIFÍCIO DA CRUZ E O SACRIFÍCIO DA MISSA SE DIFEREM. NESTA EXPLANAÇÃO TEMOS A RESPOSTA DA PERGUNTA ACIMA.

   Em primeiro lugar, na Santa Missa Jesus Cristo é imolado de um modo místico, ou melhor sacramental, no sentido de que as palavras da consagração, separando o Corpo do Sangue, representam de modo real  e vivo a imolação do Calvário. A Eucaristia  é Sacrifício Sacramental. E podemos dizer também que é Sacramento Sacrifical. Em todo sacramento tem que haver um sinal sensível (=percebido pelos sentidos), sinal este que é tambem eficaz, ou seja, produz realmente o que significa.
   O Sacrifício da Cruz foi cruento, ou seja, houve fisicamente o derramento de sangue até provocar realmente a morte.
    Na Santa Missa há o sinal sensível e eficaz da separação do sangue e do corpo. Na Consagração o Corpo e o Sangue são sacramentalmente separados: o Corpo fica de um lado e o Sangue fica do outro. Porque o pão e o vinho são consagrados separadamente. Podemos imaginar as palavras da Consagração como a espada ou o cutelo separando o sangue do corpo de Jesus. Portanto as palavras da Consagração tendem diretamente a trazer ao altar um Cristo realmente imolado. E assim em razão da dupla Consagração e da separação das espécies, temos sobre o altar uma imagem real da Paixão do Salvador. Não temos Jesus imolado de modo sangrento, porque tal não pode acontecer e nem há necessidade de acontecer, porque o Sangue que Jesus derramou na Cruz vale para sempre pois é de valor infinito. Mas o importante e o necessário é que pelas palavras da Consagração Jesus está realmente presente e está presente em estado de vítima e realmente se oferecendo como vítima para aplicar às almas dispostas o Sangue Redentor. E este sacrifício é ao mesmo tempo também sacramento. E assim a Comunhão é parte integrante do Santo Sacrifício da Missa. Por isso, pelo menos o celebrante tem que comungar.
   Para imprimir em Jesus o caráter da morte que Ele verdadeiramente sofreu, vem a palavra e põe o corpo de um lado e o sangue do outro, e cada qual sob espécies diferentes. Se o corpo se encontra com o sangue, isso deve-se a que são inseparáveis agora que Cristo ressuscitou, porque a partir da Ressurreição Jesus não morre mais. Como se diz na Teologia, "por concomitância", onde está o corpo está também o sangue e evidentemente a alma e a divindade. Jesus está vivo como está no Ceu: Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Por isso é que basta o fiel comungar só a Hóstia consagrada.
   São João Evangelista no Livro do Apocalípse V, 6 teve uma visão que dá uma idéia do Santo Sacrifício da Missa: Viu no meio do trono um Cordeiro de pé (portanto vivo) parecendo ter sido imolado. E devemos também estar lembrados que Jesus ressuscitou imortal e impassível mas conservou suas chagas gloriosas e não sangrentas mas visíveis e abertas. Santo Tomé a mandado de Jesus, tocou com o dedo as chagas das mãos de Jesus e pôs sua mão na chaga do lado de Jesus.
   Se na época de Jesus já houvesse filmadora, e tivessem filmado toda a Paixão e Morte de Jesus, teríamos algo imensamente impressionante que certamente nos facilitaria meditar com o maior fruto a Paixão e Morte de Jesus. Seria algo verdadeiramente impressionante. Mas a Santa Missa é infinitamente mais do que isto. Neste filme não teríamos Jesus vivo e ao mesmo tempo oferecendo-se como vítima para aplicar às nossas almas os frutos de Seu Sacrifício cruento da Cruz, como se dá no Santo Sacrifício da Missa. E não me cansarei de repetir: só é preciso fé e uma fé viva e grande, para obtermos os frutos da Santa Missa.
   

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A SANTA MISSA: Pergunta e Resposta

- A EXPIAÇÃO PELOS NOSSOS PECADOS JÁ FOI OFERECIDA SUFICIENTEMENTE NO SACRIFÍCIO DA CRUZ. ENTÃO EM QUE SENTIDO O SACRIFÍCIO DA MISSA PODE SER CHAMADO PROPICIATÓRIO?
- ISTO PORQUE HÁ NA NOSSA SALVAÇÃO, NA EXPIAÇÃO DOS NOSSOS PECADOS A PARTE DE CRISTO E A NOSSA PARTE
JESUS NA CRUZ FEZ A SUA PARTE; NO ALTAR VEM AJUDAR-NOS A FAZER A NOSSA PARTE.

   Jesus na Cruz ofereceu o resgate que nos reconciliou com o Seu Eterno Pai, abriu para nós o caminho da salvação, tornou Deus propício a nos perdoar. Mas a remissão dos pecados exige também que façamos alguma coisa por nossa vez. Não se trata de Cristo pagar por nós e ficarmos de braços cruzados e mergulhados no pecado, e mesmo assim achar que vamos conseguir o céu. Começa por aí: a remissão dos pecados não é possível, sem o nosso ARREPENDIMENTO. E este arrependimento exige muitas vezes, um sacrifício heróico, porque é preciso uma resolução firme de deixar o pecado, custe o que custar, para que o arrependimento seja verdadeiro. "Deus nos criou sem nós, mas não nos salva sem nós"(S. Agostinho). Por isso cada um de nós tem que fazer de sua parte o seu sacrifício íntimo, para tornar eficaz a nosso respeito o sacrifício de Jesus.Por outro lado este arrependimento só é possível com o auxílio da graça de Deus. "Sem mim nada podeis fazer" (S. João, XV, 5). Uma coisa é certa: todos recebem de Deus a graça suficiente para a salvação. Mas muitos o desperdiçam. Pior: muitos passam por cima de suas consciências, pisam a Sangue de Jesus e terminam ficando com o coração endurecido. É o que nós chamamos na Teologia Ascética e Mística de EMPEDERNIMENTO. O coração fica insensível à graça, como uma pedra, ou melhor ainda, como um granito: frio e duro. A conversão de um pecador empedernido já se pode considerar um grande milagre da graça.
   Estará Deus obrigado a conceder estas graças tão grandes, tão extraordinárias a um pecador que não fez outra coisa, senão desperdiçar as graças Deus, recusando-se sempre a converter-se? Aí entra a súplica infinitamente valiosa de Jesus no Sacrifício do Altar. Pedindo a Deus, mesmo pelos pecadores mais endurecidos, suplicando ao Eterno Pai que abra cada vez mais os tesouros da sua misericórdia para conversão daqueles que se acham  engolfados na podridão do vício, a Igreja Lhe apresenta, o Corpo e o Sangue de Jesus que se levantam aos Céus numa SÚPLICA, para que se distribuam sempre mais entre os homens a graças divinas que tiveram sua fonte no Calvário.
   Jesus na Cruz fez sua parte; na altar vem ajudar-nos a fazer a nossa parte, porque a nossa também só pode ser feita com a graça de Deus; e esta graça, cuja fonte inesgotável é a Sua própria Morte Redentora, Ele está sempre pedindo para nós, mesmo quando a desprezamos e nos tornamos indignos de recebê-la.
   Portanto, um dos fins do Santo Sacrifício da Missa é satisfazer pelos nossos  pecados. Como Deus é bom! Ele é o ofendido, e  Ele mesmo quer apagar os nossos pecados. A Santa Missa participada com toda fé e devoção, segundo a opinião mais comum dos teólogos e santos que falaram sobre o assunto, apaga imediatamente todos os pecados veniais. Dentre muitos vou citar só Santo Agostinho: "Se alguém ouvir devotamente a Missa, não cairá em pecado mortal, e os pecados veniais lhe serão perdoados'. O Santo Sacrifício da Missa, é claro, não apaga imediatamente e por si mesmo os nossos pecados mortais, mas alcança-nos boas inspirações, bons movimentos  e graças atuais para nos arrependermos, seja durante a Missa, seja em outra ocasião. E assim o pecador arrependido vai procurar a confissão ou fará um ato de contrição perfeita com o desejo de se confessar.

terça-feira, 26 de julho de 2011

A SANTA MISSA: Pergunta e Resposta

-PERGUNTA: O SACRIFÍCIO DA CRUZ FOI PERFEITÍSSIMO, DE VALOR INFINITO E, POIS, ALCANÇOU REDENÇÃO ETERNA. ENTÃO, POR QUE RENOVÁ-LO PELO SACRIFÍCIO DA CRUZ?
- RESPOSTA: NÃO HÁ NENHUMA DÚVIDA QUE O SACRIFÍCIO DA CRUZ FOI PERFEITÍSSIMO E QUE ALCANÇOU REDENÇÃO ETERNA: MAS O SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA NÃO É CELEBRADO PARA DAR A REDENÇÃO.

   Para compreedermos melhor esta questão devemos ver, de um lado, quais são os efeitos do Sacrifício da Cruz, e, por outro lado devemos ver quais são os efeitos do Santo Sacrifício da Missa, ou seja, qual a sua finalidade.
   Vejamos, então, em primeiro lugar, quais os efeitos da Redenção operada por Nosso Senhor Jesus Cristo.
   1º - Jesus morrendo na Cruz, reconciliou-nos com Deus, porque reparou suficientemente o ultraje infinitamente grave feito a Deus por todos os pecados da Humanidade. Então a Missa não é para isto.
    2º -  Jesus morrendo na Cruz restaurou a Humanidade no plano sobrenatural, de tal modo, que os homens novamente receberam o poder de se fazerem filhos de Deus (S. João, I, 12) pela graça santificante que nos faz participantes da natureza divina (2 S. Pedro, I, 4). Não é para isto, também, que a Missa é celebrada.
    3  -  Jesus morrendo na Cruz, abriu o Céu, que para os homens estava fechado. Então, não é para isto que é celebrada a Missa.
   Então, naturalmente perguntamos o porquê da Missa. É óbvio que, se Jesus instituiu a Missa, é porque ela tem sua finalidade. É o que vamos ver agora. É necessário primeiro, dar uma explicação dos sacrifícios da Lei Antiga, pois eram símbolos ou figuras do Sacrifício da Nova Aliança: Havia duas espécies de sacrifícios: uns em que se destruía completamente a vítima reduzindo a cinzas o animal sacrificado. Eram os holocautos. E outros em que se destruía uma parte da vítima e se reservava outra parte para ser comida pelos sacerdotes e às vezes também pelo povo.
   Não só entre os judeus, como entre os pagãos, o comer aquilo que tinha sido sacrificado, oferecido a Deus, que se havia tornado assim uma coisa sagrada, era considerado como uma participação, uma comunhão, um contato mais íntimo com a divindade.
   Daí é que vem a questão da carne sacrificada aos ídolos, a qual os Apóstolos proibiram aos primeiros cristãos (Atos, XV, 29) . Em si era uma carne como outra qualquer, pois, como diz São Paulo, "Sabemos que os ídolos não são nada no mundo e que não há outro deus senão um só Deus (1 Cor. VIII, 4 ). Mas desde que o comer estas carnes era considerado um meio de unir-se ao deus a quem eram oferecidas, os cristãos deviam abster-se disto, para não parecer que queriam entrar em comunhão também com as divindades pagãs. Isto era tão abominável, que até a simples suspeita deveria ser evitada.
   Ora, Nosso senhor Jesus Cristo quis, não somente que o seu divino Sacrifício, oferecido na Cruz, tivesse o valor de perfeita expiação e servisse ao mesmo tempo como o melhor dos holocaustos que porventura se pudesse oferecer, mas ainda quis QUE TODOS PUDESSEM PARTICIPAR DE SUA CARNE E DE SEU SANGUE, OFERECIDOS A DEUS, ENTRANDO ASSIM NUMA ÍNTIMA COMUNHÃO NÃO SÓ COM UMA COISA SAGRADA OFERECIDA A DEUS, MAS COM O PRÓPRIO DEUS.
   Por isso quando Jesus disse: "A minha carne é verdadeiramente comida... Assim como o Pai, que é vivo, me enviou e eu vivo pelo Pai, assim o que me come a mim, este mesmo também viverá por mim" (S. João, VI, 56 e 58), ninguém podia no momento perceber todo alcance de suas divinas palavras, embra que todos tinham de aceitá-las, porque Ele já havia provado a sua divindade.
   Jesus sabia, com efeito, que tinha RECURSOS INFINITOS no seu divino poder para realizar, na Eucaristia, aquilo que nenhum homem no mundo seria capaz de imaginar: aquela carne que foi oferecida na Cruz, aquele Sangue que ali foi derramado para a nossa salvação, podiam ser ingeridos realmente pelos homens, iam tornar-se o alimento da nossa alma, para robustecer em nós a vida da graça.
    Aproveito para fazer um alerta: Para receber com fruto este divino alimento, já uma condição é exigida, antes de qualquer outra: A FÉ. Não aquela fé protestante que acha ter direito pelo livre exame, de interpretar as palavras de Jesus como bem entende e de ler REPRESENTA, SIMBOLIZA, onde o MESTRE, diz categoricamente: É. Mas a fé viva, que não vacila, fé com que se aceita de coração aberto e de olhos fechados tudo  o que  JESUS nos ensinou, por mais impenetrável que seja o mistério. Temos que imitar São  Pedro que mesmo não podendo entender nada disse: " Senhor, a quem iremos? Só Vós tendes palavras de vida eterna".
    Resumindo: Jesus quis salvar-nos no Calvário pelo contato da sua Carne e a aspersão do Sangue de Sua Paixão, assim também decretou continuar a pôr a sua Carne em contato com a nossa e a aspergir-nos com o seu Sangue, de modo sacramental, no Sacrifício da Missa. E isto não porque o Sacrifício da Cruz fosse ineficaz e imperfeito, não. O Sacrifício da Cruz foi perfeito e portanto difinitivo sem necessidade de se repetir. Mas faltava-lhe o ser aplicado a cada alma que vem a este mundo. Aplicado pessoalmente. Aqui se aplicam as palavras de São Paulo em Col, I, 24.
   A Missa também foi para assegurar a presença perpétua do  único e definitivo Sacrifício sangrento de Jesus na Cruz, como diz São Paulo: "Anunciar a morte do Senhor". Também para oferecer ao Pai um culto perfeito; Como vimos: para aplicar-nos a virtude da Cruz, sobretudo pela comunhão, para que vivamos por Cristo (S. João, VI, 57)
   De tudo o que foi dito fica bem esclarecido que o Sacrifício da Missa não é para suplantar ou substituir  o Sacrifício do Calvário. Pelo contrário: O Sacrifício da Missa é inteiramente dependente do Sacrifício da Cruz. Toda a realidade da Missa está em função da Cruz. A Missa só existe porque houve o Sacrifício da Cruz. O Santo Sacrifício da Missa tira toda a sua eficácia do Sacrifício da Cruz. A santa Missa está subordinada em tudo ao Sacrifício da Cruz.


segunda-feira, 25 de julho de 2011

A ÚLTIMA CEIA FOI UM VERDADEIRO SACRIFÍCIO

   É o que ensina o Concílio de Trento: "Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor, ainda que devesse oferecer-se uma vez ao Pai, morrendo no altar da Cruz, para operar nela a Redenção eterna, contudo... para deixar à sua amada esposa, a Igreja, um sacrifício visível, tal qual a natureza humana o requer... na última Ceia, na mesma noite em que se entregou, declarando-se para a eternidade sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, ofereceu a Deus Pai o seu Corpo e o seu sangue, sob as espécies do pão e do vinho; e sob os símbolos destes mesmos objetos (pão e vinho) deu-os aos seus apóstolos, que Ele estabelecia então sacerdotes do Novo Testamento, e por estas palavras: "Fazei isto em memória de mim" ordenou-lhes, a eles e aos seus sucessores no sacerdócio, que os oferecessem como a Igreja católica sempre entendeu e ensinou".
   Que a Ceia foi um verdadeiro sacrifício também se depreende da narrativa do Evangelho. O santo evangelista mostra a Ceia como uma sucessora do banquete pascal e também como uma substituta dele. O Cordeiro que os judeus imolavam não era mais do que um símbolo do verdadeiro Cordeiro de Deus que vinha imolar-se para apagar os pecados do mundo. É verdade que só no dia seguinte é que este cordeiro havia de ser imolado de modo sangrento na Cruz. Guardemos bem este princípio: Para Deus o que mais importa não é o modo ( sangrento ou não sangrento, embora para nós isto é o que impressiona); para Deus, repito, ao Seus olhos o que tem mais valor são os sentimentos  de amor filial e de religião profunda que levaram Jesus a aceitar um tal sacrifício pela glória do Pai. E é na Ceia que Jesus se oferece como VÍTIMA ANTECIPADAMENTE VOTADA À MORTE. Daí as exprssões que mostram claramente o estado de hóstia (=vítima): "Comei, isto é o meu Corpo, que é entregue por vós"; bebei, isto é o meu sangue , que é derramado por vós" E notemos esta circunstância especial: no texto grego, os verbos estão no presente e não no futuro. É, pois, neste momento da Ceia que Jesus se oferece como vítima, aceitando livremente a morte que acontecerá só no dia seguinte. Oferece de modo ritual a imolação que no dia seguinte, se havia de realizar de modo real e sangrento. Mas doravante a sua vida já não Lhe pertence. Oferece-a pela salvação do mundo.
   É por isso que o Salvador é sacerdote segundo a ordem e o rito de Melquisedeque. Melquisedeque havia oferecido a Deus pão e vinho; Jesus, na última Ceia, oferece-se a si mesmo sob as espécies do pão e do vinho e torna-se sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque, como o predissera o Salmista muitos séculos antes (Salmo CIX, 4).
   Fica provado que a Ceia é um Sacrifício verdadeiro e, como a Missa é a reprodução da última Ceia provaremos que a Missa é também um verdadeiro sacrifício. Podemos dizer com toda propriedade: Assim como a Ceia foi um verdadeiro sacrifìcio, porque Jesus mesmo se ofercia como vítima que havia de ser imolada no dia seguinte; assim devemos dizer que a Missa  é um verdadeiro Sacrifício porque o mesmo Jesus renova a oblação, isto é, se oferece como vítima já imolada no Calvário. Como dissemos o que Deus Pai olha   acima de  tudo  é o oferecimento que o seu Divino Filho faz de si mesmo como Vítima por amor a Ele para salvação da humanidade.

MISSA: Perguntas e Respostas

   As ovelhas (fiéis) na Internet são inúmeras. O pastor não as conhece como na sua paróquia conhece suas ovelhas. É necessário que as ovelhas internautas se manifestem e façam perguntas para que, através do Blog (no meu caso) o padre possa orientá-las e ajudá-las.
   Para mim é motivo de enorme alegria poder esclarecer almas que não conheço e que talvez muitas nunca conhecerei pessoalmente, mas que, pela misericórdia divina, eu possa ajudá-las a conseguirem o céu e lá nos encontraremos pela graça de Deus, Nosso Senhor e Pai.
   Graças a Deus, tenho recebido muitas perguntas, sobretudo sobre a Santa Missa. Isso ajudar-me-á a colocar postagens mais adequadas às necessidades de meus caríssimos seguidores e leitores.
   Agradeço do fundo do coração, a boa vontade e o interesse pela doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo.
   Com a graça de Deus, procurarei responder as vossas perguntas e levar-lhes a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo que nos é transmitida pela Santa Madre Igreja Católica, Apostólica e Romana.
   Antes mesmo de transcrever algumas das perguntas, penso ser útil fazer a seguinte observação: Em se tratando de dogmas de fé e mistérios ( qual é a Eucaristia, já considerada como Sacramento; já considerada como Sacrifício) é claro que não podemos compreender inteiramente. E também, nestes casos (dogmas e mistérios) há palavras consagradas pela Teologia que não podemos mudar. A gente se esforça para se expressar de uma maneira mais acessível, mas a lingagem teológica e filosófica, tem que ser conservada. Só para dar um exemplo: a palavra "TRANSUBSTANCIAÇÃO" não pode ser substituída por outra. Podemos explicá-la, mas na explicação, teremos que empregar termos filosóficos. Mas, com a graça de Deus vamos fazer o possível. Foi o que fiz no outro Blog VIA-VERITAS-VITA, ao explicar o Pequeno Catecismo.

   As perguntas principais sobre o Santo Sacrifício da Missa foram:
   1- A santa Ceia ( a primeira Missa celebrada pelo próprio Jesus antes de sofrer e morrer na Cruz), foi um autêntico sacrifìcio?

   2- O Sacrifício de Jesus Cristo foi ÚNICO, como diz São Paulo em Hebr. X, 5 e seguintes. Como, então, há o Sacrifício da Missa que, aliás, é celebrada todos os dias e talvez em todas as horas?

   3- O Sacrifício de Jesus Cristo na Cruz foi perfeito, de valor infinito. Então, por que renová-lo?

   4- Jesus Cristo é o único Sacerdote, porque só Ele é perfeito e sem pecado. Então, por que há muitos sacerdotes que, aliás, são como os outros homens, fracos e pecadores?

   5- Se a Santa Missa é um sacrifício, Cristo é imolado no Altar. Mas, hoje, Cristo é ressuscitado glorioso, e não pode nem sofrer nem morrer mais. Como se explica?

   6- Na Epístola aos Hebreus, X, 26 São Paulo diz: "Se nós pecamos voluntariamente depois de ter recebido o conhecimento da verdade, JÁ NÃO RESTA MAIS HÓSTIA PELOS PECADORES". Assim sedo, a Santa Missa não pode ser Sacrifício Propiciatório.

 Há outras perguntas que praticamente já ficarão respondidas nas postagens anteriores. São:
   1- Por que a Missa é celebrada diariamente, sempre?
   2- Em que momento se atualiza o Calvário?
   3- Como devemos dizer: assistir a Missa; participar da Missa; ou celebrar a Missa?
   4- Em que momento da Missa tem início a Paixão de Jesus?
   Já antecipo que as respostas para todas as perguntas acima enunciadas, exigirão muito tempo, e muitas e muitas postagens. Assim, peço a todos a gentileza e a paciência de aguardar. Sobretudo peço-lhes suas valiosas orações para que o Divino Espírito Santo me ilumine para transmitir-vos a pura doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo e da maneira mais adequada e profícua.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

UMA FILHA DE MARIA

      É fato confirmado por todos  os sacerdotes de alguma experiência, que não há morte mais feliz e mais consoladora do que a de um filho ou de uma filha de Maria.
      É o que se deu também com uma Congregada de Maria, de sangue real, falecida aos 6 de agosto de 1906, com 26 anos de idade e que se chamava Matilde da Saxonia-Coburgo-Gotha, princesa de Baviera.
      Casando-se a 1º de maio de 1900, em vez de entregar-se nesse dia às alegrias do lar, foi assistir, à noite, com seu esposo, o príncipe Luiz de Saxonia-Coburgo -Gotha, ao terço do mês de maio. Quando no fim do terço a procissão passava pela igreja, a jovem e bela princesa, com uma vela na mão, acompanhou o Santíssimo Sacramento. Tão raro exemplo de viva fé edificou a todos e lhes incutiu maior entusiasmo e fervor pelas coisas santas.
     Muito devota de Nossa Senhora, a princesa Matilde em todas as necessidades de sua pessoa ou de sua família prostrava-se diante da imagem da Santíssima Virgem, e abria-lhe seu coração cheia de confiança infantil. Com gosto, visitava ela muitas vezes, o lugar da romaria Absam, no Tyrol. Para as festas marianas costumava preparar-se por uma novena e pela recepção dos santos Sacramentos, não obstante ter por costume receber a santa Comunhão, pelo menos duas ou três vezes por semana.
     Quando, em 1901, a maternidade lhe deu um filhinho, consagrou-o, logo depois do nascimento, à Santíssima Virgem e, em 1902, foi com ele a Roma afim de obter-lhe a bênção do Santo Padre Leão XIII. A corte, à uma voz, foi de parecer contrário a semelhante idéia, não só por ser a criança um tanto fraca, como também pelos incômodos da viagem, demasiados para ela mesma. A princesa, porém, não se deixava convencer: "Indo ao Santo Padre" disse, "é impossível que aconteça algum mal ao meu filho". E não se iludiu. O venerável ancião do Vaticano, o mesmo que abençoara a Santa Teresinha, recebeu-a com a maior alegria e cordialidade no palácio, onde ecoaram alegres gritos infantis.
     A segunda criança, uma menina, no ano do jubileu da imaculada, foi por isso batizada com o nome de Imaculada.
     O Rosário era a coisa mais familiar à princesa; sem ele nunca assistiria a uma festividade qualquer; e nos últimos anos, quando sempre de cama, quase nunca a encontraram sem  que o tivesse na mão.
     Muito devota também do Sagrado Coração de Jesus, quer com saúde quer não, sempre festejava a primeira sexta-feira do mês com recepção da Santa Comunhão e exercícios de piedade. Gostava de distribuir imagens do Sagrado Coração, as quais era também encontradas em todas as partes do palácio.
     Um amor sincero aos pobres e aos que sofrem tornava-a um verdadeiro anjo consolador. Não podia ver sofrer alguém sem ficar comovida e não conhecia maior satisfação do que fazer bem a outrem. A pobres trabalhadores que passavam, mandava entrar e servia-lhes comida; a crianças pobres presenteava com roupa e distribuía mantimentos. Na Páscoa convidava-as para entrarem em seu jardim, divertindo-as com o brinquedo tão comum nos sul da Alemanha, de procurarem ovos de Páscoa.
     Cedo, bem cedo, o anjo da morte feriu-a. De perfeita saúde em solteira, adoeceu logo depois de casada; a tísica ameaçava sua existência. Não desconhecia a gravidade do mal e enfrentava a morte com tamanha intrepidez que seria mais natural num homem muito experimentado, do que numa princesa à qual o mundo sorria e considerava.
     É certo que apreciava a saúde e que, para obtê-la, muito rezava e deixava rezar, mas acrescentava sempre: "Como Deus quiser".
     Na primeira sexta-feira de Agosto, tendo comungado pela manhã e feito as práticas de costume, sentiu-se sobremodo debilitada. Ao médico, que aludia ao perigo de sua vida, respondia, antes um pouco surpresa: "Se o bom Deus o quer, de boa vontade morro".
     Acompanhava atentamente as orações do sacerdote e viu com toda a tranquilidade, que acendiam a sua vela da primeira Comunhão. Passou ainda uma vez o perigo, e desde então até à morte dedicou todo o tempo quase exclusivamente à oração. Inúmeras vezes seus lábios pálidos repetiam: "Meu Jesus, por teu amor!" "Como Deus quiser"; "Meu Deus, ajudai-me!" Sobre o peito tinha uma imagem de Nossa Senhora, e nas mão segurava o rosário e o crucifixo.
     Como todas as noites, também ainda na noite do domingo mandou vir seus filhos à sua cama e rezou com eles a oração da noite. Com voz débil dizia ao filhinho, o príncipe Antônio, e este por sua vez repetia: "Antes morrer, do que perder-me".
     Enfim, confessando: "Agora não posso mais", descansava de novo no leito sem forças.
     Na segunda-feira assistiu de novo à santa Missa, celebrada numa sala próxima de seu quarto e recebeu com toda a devoção a Jesus Sacramentado, que desta vez veio para guiá-la no caminho da eternidade.
     Talvez que ela o pressentisse; pois quando, à tarde, o confessor, com franqueza, lhe falava no iminente perigo, absolutamente não se mostrou sobressaltada. Confessou-se de novo e, após a absolvição sacerdotal, mandou vir seus pais, seus filhos, seu esposo e os demais de casa; despediu-se de modo comovedor, lembrando-se também dos amigos e parentes ausentes.
     Muito amiga das flores, tinha no balcão de seu quarto cravos magníficos; mandou cortá-los e deu-os como lembrança a esta e àquela pessoa de sua amizade. Bem assim distribuiu todos os objetos de culto sacro que se achavam no seu quarto.
     Após a despedida disse: "Agora estou pronta para tudo", e passou a ocupar-se unicamente com pensamentos na eternidade e no céu.
     Levou muito tempo desmaiada, durante o qual rezavam à cabeceira de seu leito uma irmã de caridade e sua fiel camareira. De repente, às 6 da noite, acordando por poucos momentos, ergueu-se com o rosto transfigurado e, com voz de admiração, disse à sua camareira: "Imagine! vou para o céu; eu o espero com toda convicção. Graças a Deus! Agora morro contente, ó meu Jesus, por teu amor!".
     A saudade do céu desde muito tempo tinha sido o objeto de suas conversas. Em candura infantil desejava entrar no céu sem purgatório.
      Às 11 da noite, sem ânsias e aflições, voltou se espírito a Deus, podendo-se esperar que se realizaram as palavras que o sacerdote rezou na missa do mesmo dia: "Quão belo é estar em Tuas moradas, oh! Senhor dos Exércitos!"
UM TRECHO DO SEU TESTAMENTO
   TRANSCREVEMOS um trecho do testamento espiritual da piedosa princesa, cuja publicação era de seu desejo:
   "Ao lerdes isto, já não existirei. Rezai por mim muitas, muitas santas missas. Peço que não me deis coroas, a não ser uma de rosas bravias, Dai antes este dinheiro para serem celebradas missas, e vós, protestantes, dai o dinheiro por mim aos pobres.
   A todos vós que vi e conheci, peço perdão se, cientemente ou não, vos molestei. Assim também a todos perdoo, aos que me prejudicaram ou que contra mim alimentaram ódio ou aversão. Nunca guardei rancor contra alguém e a todos vós, amigos e inimigos, amei carinhosamente em Cristo. Deus abençoe a todos vós que me fizestes algum bem, me falastes com bondade, me destes um olhar amoroso, uma palavra de consolo.
   Irmãos amigos, inimigos, católicos, heréticos , enfim judeus e pagãos; a vossas almas, sim a vossas almas imortais, eternas, eu amo mais do que tudo neste mundo e para salvá-las de boa vontade sofreria os maiores tormentos, pois receio por vossas almas. Não esquecei que toda esta vida é só um tempo de provação, que cada palavra irá para a eternidade, que cada ação passará para os tempos eternos e que tudo, tudo se levantará contra nós no último dia, na hora decisiva da morte em que nada nos seguirá a não serem nossas palavras e ações, nossos pensamentos e desejos.
   "Pensai-o".
     "Baviera, bela pátria, agradeço-te o caloroso amor, que me foi na vida qual raio do sol. Áustria, agradeço-te a boa amizade com que me cercaste.
     "E agora adeus! a vós todos que lerdes isto. oh! que fizésseis tudo por Deus! Quão ricos seríeis na hora da morte!
      "Pensai-o"!
      Um dia fui bela e moça, e gostava da vida - agora sou morta, um cadáver.
     Em poucos dias os vermes devorar-me-ão; perante Deus talvez sou pobre e feia. Pensai-o!...
     Vós tereis a mesma sorte. Pensai-o; se virdes rosas, pensai em mim: elas florecem e fenecem em um dia, decompõem-se em pó, e vermes as comerão. O homem, porém, tem uma alma!
     "As velas bruxuleiam no meu esquife; só pouco tempo ainda arderá sua tranquila luz.
     "Quando arderá vossa vela de morte, amigos? Pensai-o! Não me esqueçais e amai-me rezando a Deus!"
                       Mathilde de Saxonia-Coburgo-Gotha,
         Duqueza de Saxonia, nascida Princesa de Baviera.
                                     Innsbruck,1902.
  

sábado, 16 de julho de 2011

A PAIXÃO DE JESUS CRISTO - IV -

SE PARTICIPARMOS DAS DORES DE JESUS NA CRUZ, PARTICIPAREMOS TAMBÉM DA SUA VIDA GLORIOSA.

    Diz São Paulo: "Se sofremos com Ele para que também com Ele sejamos glorificados." (Rom.VIII, 17). Jesus tendo-nos obtido a graça de com Ele levarmos a nossa cruz, far-nos-á igualmente participar da Sua Glória. Para nós como para Ele, esta glória será medida pela nossa "paixão".
   Quando Nosso Senhor Jesus Cristo fala aos Apóstolos na Sua Paixão, acrescenta sempre que "ressuscitará ao terceiro dia". Instrumento da nossa salvação a cruz tornou-se para Cristo penhor da Sua glória. O mesmo se dá conosco. Depois de termos participado da Paixão do Salvador, teremos também parte na Sua glória. Na véspera de Sua morte, Jesus dizia aos seus discípulos:"Conservaste-vos ao meu lado nas minhas provações". E logo acrescenta: "E Eu, em paga, preparo-vos um reino, assim como meu Pai me preparou" (São Lucas XXIV). Se nos tivermos conservado com Jesus nas Suas provações, se tivermos muitas vezes contemplado com fé e amor os seus sofrimentos, Jesus Cristo virá buscar-nos, quando soar a nossa hora derradeira, para nos levar ao Reino do Seu Pai.
   Dia virá, mais cedo do que pensamos, em que a morte estará próxima; estaremos deitados no leito sem movimento; os que nos rodeiam fitar-no-ão em silêncio, na imobilidade de nos ajudarem, deixaremos de ter contato com o mundo exterior, a alma estará a sós com Jesus. Saberemos então o que é ter estado com Ele em Suas provações; ouvi-Lo-emos dizer, nesta agonia que é agora a nossa, suprema e decisiva: "Não me deixaste na minha agonia, acompanhaste-Me quando eu ia para o Calvário, para morrer por ti; aqui estou Eu agora; estou ao teu lado para te ajudar, para te levar comigo; não temas, tem confiança, sou Eu"! Poderemos então repetir com confiança a palavra do Salmista: "Etsi ambulavero in medio umbrae mortis, non timebo mala; quoniam tu mecum es" (Salmo XXII, 4) "Senhor, agora que me vejo rodeado das sombras da morte, nada temo, pois Vós estais comigo"!
 CONCLUSÃO
   Assim como acabamos de meditar, vemos que a devoção à Paixão de Jesus Cristo é a mais útil, a mais terna e a mais cara a Deus, Nosso Senhor. Devoção que mais consola os pecadores e mais anima as pessoas que amam a Jesus. De onde recebemos tantos bens senão da Paixão de Cristo? De onde temos a esperança do perdão, a força contra as tentações, nas provações e a confiança de chegar ao Paraíso? De onde vem tantas luzes da verdade, tantos convites de amor, tantos estímulos para mudar de vida, tantos desejos de nos doar a Deus, senão de Paixão de Cristo? Dizia São Boaventura: "Se quereis progredir no amor de Deus, meditai todos os dias na Paixão do Senhor". Nada contribui tanto para a santidade das pessoas como a Paixão de Cristo. E dizia já Santo Agostinho: "Vale mais uma lágrima derramada na meditação da Paixão de Jesus, do que um jejum a pão e água durante uma semana".
   Ah! caríssimos leitores, como beijar a cruz se não queremos honrá-la com  o nosso sacrifício. Jesus recusou tudo o que pudesse suavizar os seus tormentos! E nós? Não imitamos, talvez, a Barrabás que passando diante  de Jesus   com a Cruz, quiçá diria: "Eu devia estar crucificado no lugar deste homem; eu estou livre e ele que se vire! Tais seriam em essência, nossos sentimentos se não quiséssemos sofrer nada.
   No espelho do Crucifixo procuremos ver o abismo da divina misericórdia, a grandeza do divino Amor e o  valor de uma alma. Um Deus dá Sua vida pelas almas!!! E assim terminemos:
   A Vós correndo vou, braços sagrados,
   Nessa Cruz sacrossanta descobertos:
   Que para receber-me, estais abertos,
   E, para não castigar-me, estais cravados.

    A vós, olhos divinos eclipsados,
    De tanto sangue e lágrimas cobertos,
    Que, para perdoar-me, estais despertos.
    E, por não devassar-me, estais fechados.

     A vós, pregados pés, por não fugir-me,
     A vós, cabeça baixa, por chamar-me,
     A vós, sangue vertido, para ungir-me;

      A vós, lado patente, quero unir-me;
      A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
      Para ficar unido, atado e firme!
                             (Da "Floresta" do Pe. Manuel Bernardes).

A PAIXÃO DE JESUS CRISTO - III -

A PAIXÃO E A MORTE DE JESUS É FONTE DA NOSSA CONFIANÇA

   Na cruz, Jesus Cristo representava-nos  a todos; mas, se sofreu por todos nós, não nos aplica os frutos da Sua imolação, se não nos associarmos ao Seu sacrifício. E o fazemos de três modos:
1º - Contemplando com fé e amor a Jesus nos diferentes passos da via dolorosa: Todos os anos: a Semana Santa; todos os dias pela meditação, pelo menos ao rezarmos o Santo Têrço meditando os mistérios dolorosos; a Via- Sacra. A Paixão de Jesus, aliás, deve ser o objeto principal de nossas meditações. 
2º - Através da Santa Missa: A Paixão de Jesus ocupa um lugar tal na Sua vida, é de tal modo a Sua obra, ligou-lhe tal importância, que quis fosse recordada no meio de nós, não só uma vez por ano, mas todos os dias e no mundo todo em todas as horas. O próprio Jesus instituiu um sacrifício para perpetuar através dos séculos a memória e os frutos da Sua oblação no Calvário. É o Santo Sacrifício da Missa. Participar ou oferecê-lo com Cristo constitui uma participação íntima e muito eficaz na Paixão e Morte de Jesus. E participaremos de uma maneira mais perfeita e completa se nos unirmos a Jesus também pela Comunhão sacramental.
3º Suportando por amor de Jesus Cristo, os sofrimentos e adversidades que, nos desígnios da Sua Providência, nos envia. A caminho do Calvário, Jesus sucumbiu várias vezes sob o peso da Cruz. Ele "a Força de Deus", fraco, humilhado, prostrado por terra. A Divindade quis que a Humanidade sentisse a sua fraqueza a fim de nos merecer a força de suportarmos os nossos sofrimentos.
   A cada um de nós Deus dá também uma cruz para levar, e cada qual pensa que a sua é a mais pesada. Devemos aceitá-la sem discutir, sem dizer: "Deus podia mudar tal ou tal circunstância de minha vida". Nosso Senhor diz-nos:"Se alguém quer ser meu discípulo, tome a sua cruz e siga-me". Nesta aceitação generosa da nossa cruz, encontramos a união com Nosso Senhor Jesus Cristo. Porque, notai bem: levando a nossa cruz, estamos levando realmente uma parte da de Jesus Cristo, que quis ser ajudado pelo Cirineu. Jesus diz-nos:"Aceitai esta parte dos meus sofrimentos que, na minha presciência, vos reservei no dia de minha Paixão". Digamos-Lhe com todo amor: "Sim, Divino Mestre, aceito esta parte de todo coração, porque vem de Vós". Tomem-la por amor d'Ele e em união com Ele.
   O Verbo Encarnado, Cabeça da Igreja, tomou a sua parte das dores, a maior; mas quis deixar à Igreja que é o Seu Corpo Místico, uma parte de sofrimento. São Paulo, embora com palavras profundas e aparentemente estranhas, afirma-o na Epístola aos Col. I, 24: "O que falta aos sofrimentos de Jesus Cristo, completo-o eu na minha carne, pelo Seu Corpo que é a Igreja". Mas porventura falta alguma coisa aos sofrimentos de Cristo?! Evidentemente que não. Foram superabundantes, imensos, e o seu mérito infinito. Então porque fala São Paulo de "completar" esses sofrimentos? É Santo Agostinho quem nos responde: "O Cristo total é formado pela Igreja unida ao seu Chefe, à sua Cabeça, que é Jesus Cristo. O chefe sofreu tudo quanto devia sofrer. Só falta que os membros, se quiserem ser dignos do Chefe, suportem a sua parte de dores".
   Temos, pois, como membros de Cristo, de nos unir aos Seus sofrimentos. Cristo reservou-nos uma participação na sua Paixão, mas ao mesmo tempo, colocou ao lado da Cruz a força necessária para a levar. É o que, diz São Paulo: "Jesus Cristo, tendo experimentado o sofrimento, tornou-se para nós um Pontífice cheio de compaixão" (Heb. II, 17 e 18; IV, 15 e V, 2).

  

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A PAIXÃO DE JESUS CRISTO - II -

DE QUE MODO SANTIFICOU JESUS A IGREJA PELA SUA OBLAÇÃO?

   1º - DESTRUIU O PECADO E RESTITUIU-NOS A GRAÇA.
   Jesus Cristo representava toda a humanidade. É o novo Adão. Uniu-se a uma raça pecadora, embora o pecado O não tenha atingido pessoalmente: "absque peccato" (=sem pecado), mas "Toma sobre Si os pecados de todos os homens": "O Senhor colocou sobre ele a iniquidade de todos nós". (Isaías, LIII, 6). Representa-nos a todos, e, por isso mesmo, satisfaz por todos nós. Jesus Cristo tornou-se, por amor, solidário dos nossos pecados; nós, pela graça,  tornamo-nos solidários das suas satisfações.
   2º - MERECEU PARA SUA IGREJA TODAS AS GRAÇAS DE QUE ELA NECESSITAVA PARA FORMAR A SOCIEDADE QUE ELE QUER "SEM MANCHA NEM RUGA, MAS SANTA E IMACULADA.
   E o valor destes merecimentos é infinito, porque Ele é um Deus. Jesus Cristo mereceu, portanto, para nós, todas as graças e todas as luzes: "Transportou-nos das trevas à luz" (Col., I, 12 e 13). Ele é a causa de nossa santidade e salvação. A virtude dos sacramentos vem da Cruz; eles só têm eficácia em continuidade com a Sagrada Paixão de Jesus Cristo. E assim em Jesus Cristo possuímos tudo; nada nEle falta do que precisamos para a nossa santificação: "E há nEle copiosa redenção" (Salmo CXXIX, 7). O seu sacrifício oferecido por todos, deu-Lhe direito de nos comunicar tudo quanto mereceu.  
   "Quando for levantado na cruz, será tão grnde o meu poder, que atrairei a mim todos aqueles que em mim tiverem fé".
  Quando fitamos o Crucifixo, pensemos nesta promessa infalível do nosso Pontífice Supremo; ela é a fonte da mais absoluta confiança. "Se morreu por nós, sendo como éramos seus inimigos, que graça de perdão, de santificação, poderá recusar-nos agora que detestamos o pecado, que procuramos desapegar-nos das criaturas e de nós mesmos para só a Ele agradar?
   Pai, atraí-me para o filho! - Jesus Cristo - Filho de Deus - atraí-me para Vós 

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A PAIXÃO DE JESUS CRISTO - I -

   Alguém disse: Acabei de ler a postagem sobre o Ato de perfeito Amor a Deus; mas como conseguir ter este Amor Perfeito (dentro das limitações humanas) a Deus, Nosso Pai e Senhor? O melhor meio é meditar a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. É o que faremos, se Deus quiser, em quatro postagens.
   O Pai nos amou de tal modo que nos deu o seu Filho Unigênito. Jesus, o Filho de Deus feito Homem nos amou de tal modo que se entregou a Si mesmo por nós. Amor se paga com amor.

  A Paixão constitui o "santo dos santos" dos mistérios de Jesus Cristo. Marca o ponto culminante da obra que vem realizar neste mundo, obra para qual todas as outras convergem ou da qual tiram seu valor e eficácia. Para Jesus, é a hora em que consuma o sacrifício que deve dar ao Pai glória infinita. - redimir a humanidade,- e reabrir aos homens as fontes da vida eterna. E como Jesus desejou a Paixão! que Ele chama a Sua Hora. "Devo ser batizado com um batismo- o batismo de sangue - e quanto anseio por o ver realizado!" E quando chega esta hora segundo a vontade do Pai, Jesus entrega-se com o maior ardor, apesar de conhecer de antemão todos os sofrimentos que devem despedaçar-Lhe o corpo e a alma. "Desejei com o maior ardor comer esta Páscoa convosco, antes de sofrer a minha Paixão" "Jesus Cristo, diz São Paulo, amou a Igreja - entregou-se a Si mesmo por ela, por amor dela - para a santificar e fazer aparecer diante de Si uma Sociedade gloriosa, sem mancha, nem ruga, nem coisa semelhante, mas toda santa e imaculada". (Ef. V, 25-27).
   Nestas palavras está indicado o próprio mistério da Paixão: "Jesus entregou-se a si mesmo". O que é que O move a isto? O amor. "Amou a Igreja". Qual é o fruto? "Para santificar, para que ela seja bela, santa e imaculada". A Igreja aqui significa o reino daqueles que devem formar o Corpo Místico de Jesus (1Cor. XII,27) Jesus Cristo amou esta Igreja, e foi por a ter amado que se entregou por ela.
   Sem dúvida, antes e acima de tudo, foi por amor ao Pai que Jesus Cristo quis sofrer a morte na Cruz: "Mas é preciso que o mundo conheça que amo o Pai e que faço como Ele ordenou" (S. Jo. XIV, 31). Mas é também o seu amor para conosco. Aliás essa era a vontade do Pai, como disse a Pedro: "Não hei de beber o cálice que o Pai me deu? (S. Jo. XVIII, 11).
   Na última ceia, quando vai soar a hora de sua oblação, que diz aos apóstolos, congregados em volta d'Ele? "Não há maior amor do que dar a vida pelos seus amigos". ( S. Jo. XV, 13). E Jesus vai no-lo demonstrar, pois diz São Paulo: "Foi por nós que Ele se entregou".
   Morreu por amor de nós, sendo como éramos seu inimigos". Que maior prova de amor poderia dar-nos?Nenhuma.  E entregou-se livremente: "Oblatus est quia ipse voluit" E esta liberdade com que Jesus dá a sua vida por nós é absoluta. Meditemos: "Deus amou o mundo a ponto de lhe dar o Seu Filho único" e Jesus Cristo, por sua vez, amou os seus irmãos a ponto de se entregar a Si mesmo total e espontaneamente para os salvar" Jesus oferece-se a si mesmo e sem reserva, isto é, totalmente. A Sua alma e o Seu corpo são dilacerados, esmagados pelos sofrimentos, não há nenhum que JESUS não experimente. Já no Getsêmani dissera: "A minha alma está triste até a morte!" Que abismo! Um Deus, Poder e Beatitude infinitos, acabrunhado pela tristeza, pelo pavor, e pelo tédio. O Verbo Encarnado conhecia todos os sofrimentos que iam cair sobre Ele durante as longas horas de sua Paixão. Esta visão fazia nascer na sua natureza sensível toda a repulsa que teria sentido uma simples criatura; na divindade a que estava unida, a sua alma via claramente todos os pecados dos homens, todos os ultrajes feitos à santidade e ao amor infinito de Deus. Tomou sobre Si todas estas iniquidades; e sentia pesar sobre sua cabeça toda a cólera da justiça divina, Mas Jesus tudo aceita. Sai do Jardim das Oliveiras e vai ao encontro dos seus inimigos. Traído pelo beijo de um dos Seus apóstolos, acorrentado pela soldadesca como um malfeitor, é levado ao Sumo Sacerdote. Ali cala-se no meio das falsas acusações. Fala apenas para proclamar que é o Filho de Deus. Jesus, Rei dos mártires, morre por haver confessado a Sua divindade, e todos os mártires darão a vida pela mesma causa.
   Pedro, o chefe dos apóstolos, por três vezes renegou a Jesus. Foi esse, sem dúvida, para o nosso divino Salvador um dos mais profundos sofrimentos daquela terrível noite.
   Os soldados guardam Jesus e cobrem-No de injúrias e maus tratos. Não podendo suportar aquele olhar tão meigo, vendam-Lhe os olhos. Dão-Lhe bofetadas; Têm até a ousadia de manchar com vis escarros aquela face adorável que os Anjos contemplam extasiados.
   Logo de manhã foi conduzido ao Sumo Sacerdote, depois arrastado de tribunal a tribunal; tratado por Herodes como louco e insensato,  Ele, Sabedoria eterna; açoitado por ordem de Pilatos; os algozes ferem sem dó a vítima inocente, cujo corpo se torna logo uma chaga viva. Enterram na cabeça de Jesus uma coroa de espinhos e cobrem-no de escárnios.
   O covarde governador romano imagina que o ódio dos judeus ficará satisfeito vendo Jesus Cristo naquele triste estado; apresenta-O à multidão: "Ecce homo!", "Eis aqui o homem!".
   Contemplemos neste momento o divino Mestre mergulhado nesse abismo de sofrimento  e humilhações, e pensemos que o Eterno Pai também no-Lo apresenta, dizendo: "Eis aqui o meu Filho, o esplendor da minha glória, ferido por causa dos crimes do meu povo: "Eu o feri por causa do pecado do meu povo".( Isaías, LIII, 8).
   Jesus ouve os gritos daquela população enfurecida que lhe prefere um bandido e em paga de todos os benefícios que dEle recebeu, reclama a Sua morte: "Crucifica-O, crucifica-O".
   É pois pronunciada a sentença de morte, e Jesus Cristo tomando em seus ombros feridos a pesada cruz, dirige-se para o Calvário. Quantas dores ainda Lhe não estavam reservadas! A vista de Sua Mãe tão ternamente amada e cuja dolorosa aflição compreende melhor do que ninguém; o despojarem-No das suas vestes; o cravarem-Lhe as mãos e os pés, a sede ardente. Depois os odiosos sarcasmos dos seus piores inimigos. Enfim, o abandono por parte do Pai, cuja santa vontade cumpre sempre: "Pai, por que me abandonaste?"
   Bebeu o cálice até a última gota; realizou até os mais pequenos pormenores de tudo o que fora predito: "Consummatum est". Sim, tudo está consumado, só Lhe resta entregar a alma ao Pai: "E inclinando a cabeça, entregou o espírito"(S. Jo. XIX, 30).
   Quando a Igreja na Semana Santa, nos lê a narrativa da Paixão, interrompe-a neste ponto para adorar em silêncio. Prostremo-nos com ela; adoremos Esse Crucificado que acaba de exalar o último suspiro: Ele é realmente o Filho de Deus.
   Ó Divino Salvador, que tanto sofrestes por amor de nós, prometo-Vos fazer o possível para não mais pecar. Fazei pela vossa graça, ó Mestre adorável, fazei com que morramos para tudo quanto é pecado, apego do pecado ou à criatura e que só vivamos para Vós!.
   É o que diz São Paulo: "O AMOR QUE JESUS CRISTO NOS DEU PROVA, MORRENDO POR NÓS, DEVE FAZER COM QUE AQUELES QUE VIVEM, JÁ NÃO VIVAM PARA SI, MAS PARA AQUELE QUE MORREU POR ELES". (2 Cor., V, 15).
   

domingo, 3 de julho de 2011

AVISO

   Pela graça de Deus, entrarei hoje em retiro. Só a partir do dia 12, se Deus quiser, é que voltarei a colocar postagens nos Blogs "ZELO ZELATUS SUM" e "VIA-VERITAS-VITA". Peço desculpas a todos os meus caríssimos visitantes e seguidores. Mas peço sobretudo, suas valiosas orações para que eu faça um santo Retiro e me torne menos indigno de tão sublime vocação, e possa fazer maior bem às almas remidas pelo preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
   Embora seja um retiro especificamente sacerdotal, pelo menos algumas das meditações ou conferências poderão ajudar também, "mutatis mutandis', os leigos.
   Por isso, deixo aqui a pergunta: Você, caríssimo(a) leitor(a) acha que seria proveitoso colocar na Internet através do Blog, pelo menos algumas destas conferências ou meditações?
   Pode dar sua opinião aqui mesmo nos comentários, ou enviar sua mensagem através do meu e-mail: pemurucci@gmail.com.
                                         Muito obrigado!
                                                                       Padre Elcio Murucci

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O MISSIONÁRIO

   Adeus, parentes!... Adeus, ó lares!...
   Adeus, encantos de meu País!
   Adeus, ó Pátria!... Eu cruzo os mares!...
   Adeus, pra sempre... Seja feliz!

          Oh! não! Não partas - dizem amigos.
           Por que nos deixas, por que te vais?
           Aqui na Pátria não há perigos,
           És nobre, rico, desejas mais?

                    Oh, não! Não deixes o nobre edìlio,
                    O edílio meigo do pátrio lar!
                    Se não agruras, se não exílio,
                    Que é que encontras além do mar?

                               A mãe te pede, não faças isto,
                               Oh! não lhe causes tanta aflição!
                               O nobre moço fitou o Cristo,
                                E em confidência lhe disse então:

                                             Eu ouço os gemidos das almas pobres
                                             Dos pais famintos, dos filhos nus.
                                             São grandes almas, são almas nobres
                                             E ... nada sabem do bom Jesus!

                                                 Eu vejo os homens a sós penarem.
                                                 Deixai-me que eu parta, deixai-me, ó sim!
                                                 Ouço as almas por mim chamarem
                                                 Ouço Cristo chamar por mim!

                                                        E vós amigos, vós não ouvistes
                                                        Crianças órfãs, chamando: "Pai"?
                                                        A tal pergunta quedaram tristes
                                                        E a mãe lhe disse: "Meu filho, vai!"
                                  
                                                                             (Do "São Vicente").

                                              
                                                   
                                                                               

                                                                               
                                                       

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A SANTA MISSA com meditação sobre o SANGUE DE JESUS

   DO PRINCÍPIO AO EVANGELHO: Volvei ó Deus meu, um olhar de bondade sobre este altar. Aqui finalmente, Vos posso oferecer um sacrifício digno da Vossa Majestade infinita. Ofereci-vos já o humilde trabalho das minhas mãos, as penas do meu coração, as lágrimas dos meus olhos...mas o que são estas oblações tão mesquinhas perante as exigências da Vossa justiça e os direitos do Vosso amor? Mas, eis um sacrifício em tudo digno de Vós: eis o SANGUE sacratíssimo do Vosso Filho Jesus! Eu vo-Lo ofereço com a alma trêmula pela grandiosidade e o valor da mesma oferta, mas com a certeza de que será plenamente agradável à Vosso infinita Majestade.
   Ó grande Deus, recordai a bondade imensa com que acolheste um dia as ofertas simples do inocente Abel, recordai com quanta complacência contemplaste o sacrifício de Abraão, recordai quanto serviram para acalmar a Vossa justa cólera as milhares de vítimas que Vos eram imoladas em homenagem de adoração no templo de Jerusalém, recordai... ó meu Deus, recordai que uma só gota do SANGUE de Jesus vale infinitamente mais que todas as vitimas antigas; que só aquele Calvário purpureado de um SANGUE divino vale mais que um mundo inteiro inundado de sangue humano. E este SANGUE de Jesus sou eu que hoje Vo-Lo ofereço! Eu me uno com o pensamento e o coração ao vosso sacerdote... eu que com o desejo e com todo amor Vo-Lo apresento naquele cálice que em breve tempo será levantado ao alto entre as mãos do Vosso ministro... Ó meu Deus, quanto me sinto grande e aventurada neste momento! Pensar que Vos ultrajei até tirar a vida ao Vosso Filho... e agora poder oferecer-Vos o Seu SANGUE para Vos fazer perdoar o meu delito consumado!
  
DO EVANGELHO À ELEVAÇÃO: Deveria ser eu a vítima expiatória dos meus pecados; mas ainda que o meu sangue corresse todo pelos degraus deste altar, ainda que o meu corpo fosse esquartejado e calcado aos pés, ainda que exalasse o espírito em suplicios  horrendos, bastaria porventura o meu sacrifício por si só para apagar a mais pequena das minhas venialidades? Aceitai, pois, ó meu Deus, o SANGUE de Jesus em satisfação de todas as minhas culpas: eu Vo-Lo ofereço como satisfação devida à Vossa justiça infinita, que eu ultrajei de tantas maneiras; e enquanto este SANGUE sobe até Vós em holocausto de expiação, desça também sobre a minha alma em lavacro de perdão e purificação. Tenho já chorado as minhas culpas, é verdade, mas tantas lágrimas derramadas ainda me não restituiram a inocência perdida... ah! é só das veias de Jesus e do seu Sagrado Lado que pode cair uma chuva santa capaz de apagar todas as minhas iniquidades. Volvei, ó meu Deus, volvei o Vosso olhar para este SANGUE precioso! ele passou através do Coração de Jesus, e é, portanto, um SANGUE que fez palpitar o maior amor que da terra tenha sido elevado para o Céu... fez pulsar aquele Coração com as palpitações de uma contrição infinitamente viva e profunda... a dor  comprimiu-O como que dentro duma tenaz de ferro e fê-Lo espirrar da fronte  e de toda pessoa de Jesus até correr pela terra... é um SANGUE que à calma suave da inocência reune os frêmitos santos do zelo pela Vossa causa... é um SANGUE que tem já lavado as culpas de mil gerações, e não terá o poder de lavar as minhas? é um SANGUE que durante tantos séculos tem aplacado a Vossa ira, e só hoje, que se trata de mim, não terá o poder de mover-Vos à compaixão?

   DA ELEVAÇÃO À COMUNHÃO: E ei-Lo sobre o altar: o SANGUE de Jesus. Está aqui para mim, está todo `a mimha disposição... e eu O recolho nas minhas mãos, apresento-O à Vossa Majestade divinamente real, ó grande Deus, e ouso dizer-Vos: eis a digna compensação que Vos ofereço pelos benefícios sem fim com que enriquecestes a minha existência. Vós criaste-me, e eu em paga deste primeiro benefício ofereço-Vos o SANGUE de Jesus. Vós conservaste-me a vida por tantos anos, protegendo-me contra inumeráveis perigos e aventuras, fazendo até por vezes desabrochar belas rosas entre os espinhos da minha vida: e eis o meu agradecimento - O SANGUE DE JESUS.
   Vós chamaste-me à fé, e ajudaste-me a conservá-la entre os escândalos de pobres almas que a sacrificavam ao intersse duma paixão ou a aviltavam com desonrosas transigências, e à fé acrescentastes mais tarde o dom inefável de graças especiais que entre o povo cristão me colocaram numa classe privilegiada: e o meu reconhecimento está todo aqui: no SANGUE DE JESUS. E eu Vos prometo que sempre, por toda a parte, agora e até ao meu último suspiro, vos darei uma só homenagem de gratidão, mas que será digna de Vós: apresentar-Vos-ei sempre o cálice do SANGUE DE JESUS.

   DA COMUNHÃO AO FIM: Quisera, ó meu Deus, pedir-Vos muitas graças para mim e para os meus caros. Ó meu Deus, mas sou um nada pecador! Então fale a Vós por mim o SANGUE DE JESUS. Diga-Vos este SANGUE, ó meu Deus, que eu estou de braços abertos esperando a graça de conhecer-Vos sempre melhor e assim de amar-Vos com crescente fervor, de servir-Vos com indefectível constância e de chegar um dia a gozar-Vos no Céu para sempre. Ainda uma graça, ó meu Deus. Pelo amor de Jesus, pelo valor do SANGUE que por mim derramou, concedei-me a graça de ter sempre deste SANGUE uma inextingüível sede... que ele venha todos os dias humedecer e abrandar as securas da minha alma... que ele venha infundir-me uma nova vida de virtude e de santidade... que ele venha fazer-me viver toda, mas mesmo toda, de JESUS e só de JESUS. Amém.

SANTA MISSA: A alma em procura do AMOR.

   DO PRINCÍPIO AO EVANGELHO: Eu me aproximo do vosso altar, ó grande Deus, onde espero encontrar o que eu tanto procuro e por que tanto suspiro: o amor a JESUS. Dentro em breve Ele consumará sobre o altar o Sacrifício de Si mesmo, misticamente derramará por mim todo o Seu Sangue até a última gota., e eu oferecerei à Vossa infinita Majestade a Sua Paixão , a Sua Morte, e Vos pedirei em compensação uma só graça: a de amar a JESUS. É este um amor que eu calquei aos pés tantas vezes, já com meus pensamentos que vaguearam d'Ele em procura de vaidades, já com as minhas palavras quando, descurando a oração, me entretive em conversações frívolas e mundanas, já com as obras que modelei mais sobre os caprichos das paixões que sobre os preceitos  e exemplos do Evangelho e dos santos. Confesso a minha culpa, ó Senhor, e espero que as súplicas da Virgem Santíssima e dos santos cujas relíquias estão na pedra d'Ara deste altar, me alcançarão o Vosso perdão e que a Vossa misericórdia terá piedade de mim, e por amor a JESUS me concederá mais tarde a vida eterna.
   Ó Deus piedoso, volvei o Vosso olhar sobre a minha miséria, vede o meu pobre coração... parece morto, porque está sem a chama do amor de JESUS. Tem  piedade de mim, e concedei-me este santo amor, fazei-me ver como é grande a Vossa misericórdia, deixai que o grito angustioso da minha alma suba até ao Vosso trono, e ouvi benigno as minhas súplicas.
   Ó Deus Pai, que me criastes, dai-me o amor de JESUS, e será perfeita a obra da vossa criação; ó Deus Filho que me remistes, dai-me o Vosso amor, e será perfeita a obra da Vossa redenção; ó Deus Espírito Santo que me santificastes, dai-me o amor de JESUS, e será   perfeita, em prol de minha alma, a obra da Vossa santificação. Vós tendes direito de serdes glorificado, ó meu Deus; mas que glória mais bela para Vós que a de ver JESUS amado de todos os corações? Eu tenho necessidade de paz, e desejo ardentemente alcançar a verdadeira paz; mas onde a encontrarei eu senão no amor de JESUS? Concedei-me, pois, este amor, e os Anjos cantarão glória a Vós no mais alto dos Céus, e paz a minha alma de boa vontade.

   DO EVANGELHO À ELEVAÇÃO: Quisera, se pudesse, apresentar-Vos o sacrifício total de mim mesma, juntamente com  o de JESUS, mas não posso oferecer-Vos mais que um pouco de pão e um pouco de vinho, uma gotinha   d'água. Aceitai benigno esta humilde oferta e pelo infinito valor d'Aquele em que será transubstanciado, perdoai-me os meus inúmeros pecados, todas as transgressões da Vossa Divina Lei, todas as negligências no Vosso santo serviço; e como prova do Vosso perdão dai-me a graça de amar-Vos com o mesmo Coração e com as mesmas obras de JESUS. Oh! como eu quesera ser uma só coisa com JESUS! Como quisera saber orar-Vos com o Seus lábios, louvar-Vos com a Sua língua, viver da Sua vida, imolar-me com o Seu sacrifício! Vós que o podeis, fazei-me a graça de estar unida à Sua natureza divina com vínculos tão estreitos e com tanta intimidade, como Ele quis estar unido à natureza humana; porque então poderei amá-Lo a Ele e amar-Vos a Vós com um só dulcíssimo e eterno amor. Quisera, ó meu Deus, ter um coração que me tornasse digna da estar junto dos Anjos, dos Arcanjos, dos Querubins, dos Serafins e de toda a Corte Celeste, para poder cantar dignamente a Vossa grandeza e dizer-Vos com uma melodia divina: - Sois Santo, Santo, Santo, ó Senhor Deus dos Exércitos! Hosana no mais alto dos céus! - Quisera estar perto daqueles santos que mais amaram a JESUS, para poder honrar-Vos menos indignamente: mas não sou mais que uma pobre peregrina, longe da pátria...ah! que ao menos eu recorde e medite nuitas vezes quanto eles amaram a JESUS, e que o exemplo dos seus santos ardores me desperte da sonolência espiritual e me acenda no coração um incêncdio de amor; e que eles me obtenham com a sua intercessão o que eu não posso alcançar com a minha débil oração. Quero amar a JESUS! Ó meu Deus, não desprezeis este meu desejo, ouvi os meus ardentes votos, e fazei que por meio deste santo amor eu evite a condenação eterna, e pela Vossa infinita bondade, seja agregada ao celeste e eterno grêmio dos vossos eleitos.

DA ELEVAÇÃO À COMUNHÃO: Eis sobre o altar a celeste Vítima! Eis JESUS!!!  Eu Vo-Lo ofereço. ó meu Senhor e meu Deus! E Vós bem sabeis o porquê desta oferta. Tenho necessidade de amar-Vos com uma alma pura como a de JESUS, com uma vida imaculada como a de JESUS: e Vós que tanto desejais ser amado das Vossas criaturas, fazei-me a graça de eu ter de futuro a inocência dum Abel, a fé firme e operosa dum Abraão, a piedade dum Melquisedeque, a fim de que tudo quanto Vos oferecer em homenagem de amor Vos seja grato e aprazível, e eu mereça um olhar sereno e propício da Vossa infinita Majestade. Ofereço-Vos, portanto, o Vosso divino Filho, e com a fronte inclinada por terra Vos peço que mandeis o Anjo a tomar deste altar uma Vítima tão augusta, e a levá-La até ao altar sublime que se eleva ao conspecto da Vossa divina Majestade afim de que, enquanto eu sobre a terra receber o Seu Corpo e o Seu Sangue, Ele lá em cima obtenha da Vossa misericórdia, que eu seja repleta de graça e de bênçãos. Que a minha vida seja JESUS !!!
   Sou culpada, ó meu Deus; reconheço-o e confesso-o; e a minha maior culpa é a de Vos não ter amado. Não sei mesmo se  no  futuro chegarei a amar-Vos quanto eu desejara; mas espero que chegará também para mim o suspirado dia de poder amar-Vos no Paraíso, como Vos amam os Anjos e os Santos; espero que me concedereis também a mim um posto entre as almas bem-aventuradas, e espero-o sobretudo pelos merecimentos de JESUS, Vosso Filho e meu Redentor. Ah! meu Deus! por amor de JESUS livrai-me enguanto viver sobre a terra, de todos os males que mereci pela minha vileza; livrai-me dos pecados que cometi com o amor às criaturas; livrai-me das penas merecidas com as minhas culpas; livrai-me para o futuro, mesmo das mais ligeiras venialidades, afim de que eu passe o resto da vida ocupada somente em amar-Vos.

   DA COMUNHÃO AO FIM DA MISSA: Ó queridíssimo JESUS, ó Cordeiro imaculado, tende piedade de mim. Vede como eu sou pobre... falta-me tudo, porque me falta o Vosso amor. Deixai cair sobre minha alma uma gota ao menos daquele Sangue que derramastes com tanta generosidade, lavai as manchas refastas da minha consciência, retituí um pouco de vida ao meu coração, fazei que ele torne a palpitar por Vós... Ó Cordeiro imaculado, afartai para longe de mim o maior de todos os pecados  -  o de recusar-Vos o meu amor. Vede o meu coração: como está agitado! está em luta contínua contra as paixões, que o querem subjugar... fazei ouvir a Vossa voz e restituí-lhe a paz, reconduzindo-o à posse serena do Vosso amor. Vinde, ó JESUS, vinde Vós mesmo ao meu coração, e acendei-lhe a chama do Vosso amor por que tanto suspiro; vinde e ligai-me a Vós tão fortemente, que fique para sempre unida à observância da Vossa santa Lei. Não sou digna, verdade, de receber-Vos no coração, mas basta uma só palavra para curar-me de todas as minhas espirituais enfermidades. Vinde, pois, ó JESUS, e o Corpo e o Sangue que imolastes sobre este altar, unindo-se a minha alma, a guarde , a defenda, a proteja, a encha de graças e a faça viver do Vosso amor agora e por toda a eternidade. Ah! meu doce e bom JESUS! vinde e uni-Vos a mim com tal intensidade e perfeição, que das minhas culpas passadas não reste mais vestígio em minha alma, nem peso algum nas balanças da Vossa justiça.
   Ainda uma graça, ó meu Deus: dai-me a Vossa bênção! Ó Deus Pai, criaste-me por amor; ó Deus Filho, remiste-me por amor; ó Deus Espírito Santo, santificaste-me por amor: portanto eu sou a obra do Vosso amor...abençoai, pois, a quem tanto amaste... e transformai-me, com a Vossa bênção , em um serafim de amor! Amém!

terça-feira, 14 de junho de 2011

A SANTÍSSIMA EUCARISTIA E A CARIDADE CRISTÃ

    Página extraìda da Carta Pastoral sobre o Santo Sacrifício da Missa escrita por D. Antônio de Castro Mayer em 12 de setembro de 1969. Sua leitura é muito oportuna para os nossos dias.
   "Muito particularmente cultiva a caridade, porquanto a Santíssima Eucaristia é o Sacramento do amor, da união sobrenatural que vincula todos os fiéis num só corpo; como os grãos de trigo se juntam para formar um só pão, a Santíssima Eucaristia une todos os fiéis num só Corpo Místico de Cristo ( cf,1Cor. X, 17).
   Cultivar a caridade não quer dizer tolerar todos os defeitos, todos os vícios do próximo. Muito pelo contrário, a caridade pede a energia e a bondade, bem dosadas, para conseguir a verdadeira emenda do próximo.
   Ressaltemos aqui, amados filhos, para vossa edificação espiritual, que é muito comum, entre muitos católicos, um erro crasso na prática de uma pseudocaridade. São de fato, tais católicos, de uma intolerância total, ou quase, quando está em jogo a própria pessoa. Não sabem perdoar, como manda o grande preceito do Divino Mestre, as ofensas pessoais, aquelas de que devemos purificar a consciência antes de nos aproximar do altar, segundo manda o Salvador (cf. Mat. V, 24). No entanto, são de uma benignidade, igualmente sem limites, quando as ofensas atingem a Nosso Senhor na sua doutrina ou na sua moral. Têm todos os ódios, todos os ressentimentos, todas as aversões contra os responsáveis por ultrajes que feriram seu amor próprio, sua dignidade pessoal. E convivem, na mais franca amizade, com os apóstatas, com os que conspurcaram os votos de seu batismo, com os hereges, os ateus, todos enfim que, não reconhecendo a verdadeira Igreja de Cristo, não prestam a devida honra à palavra de Deus. Se semelhante amizade visasse seriamente a conversão dos que se acham nos caminhos da condenção eterna, ou fosse ordenada pela necessária convivência social, ainda poderia ela justificar-se, desde que se conservasse nos limites indicados por tais fins. Infelizmente, amados filhos, não é o que se dá. Alimenta-se a amizade por motivos de ordem natural, e, no que menos se pensa, é no bem da alma, na conversão dos transviados, dos inimigos de Deus.
   D. Antônio exorta-nos a fazermos um exame de consciência sincero...
   É bem possível que , num exame sincero de consciência, descubramos a causa da inutilidade talvez de nossas Missas e Comunhões, ou seja, do fato de não avançarmos um passo ( na vida espiritual), apesar de nossas Missas e Comunhões. A Missa, amados filhos, é fonte de toda a santidade. Ela, porém pede para efetivar na alma a santidade que dela dimana, a adesão firme, serena mas profunda aos amores e aos ódios de Jesus Cristo.
   Não precisamos dizer, amados filhos, que nesses ódios , nessa aversão profunda contra o mal, não vai nem pode ir o menor desejo de condenação eterna de quem quer que seja. Nosso ódio deve ser como o do Divino Mestre, que castigava sempre com o desejo ardente da salvação eterna mesmo dos inimigos de seu Santo Nome.
   Imitemos também neste ponto a Santa Igreja, de que somos filhos, bem que indignos. Sabeis que a Santa Madre Igreja tem penas severíssimas para os empedernidos nas suas empresas nefastas contra a obra de Deus. Não obstante, ainda ao fulminar tais penas, fá-lo com um pensamento de salvação. Visa em primeiro lugar, é claro, a preservação dos fiéis; mas não esquece a salvação daqueles mesmos que assim pune. São Pio X, que se viu na contingência de pronunciar a excomunhão maior contra o autor do modernismo na França, Loisy, recomendava ao Bispo da região, onde residia aquele infeliz perjuro, não deixasse envidar os esforços possíveis para o retorno dessa ovelha tresmalhada".  


 

segunda-feira, 13 de junho de 2011

SANTO TOMÁS DE AQUINO, Q.LXXXII, ART.II - Se cabe só ao sacerdote a dispensação da Eucaristia.

   Antes da exposição deste assunto feita por Santo Tomás, quero relatar os elogios que alguns Papas fazem de Santo Tomás de Aquino. Tive no Seminário Maior um professor muito inteligente e espirituoso que gostava de dizer que Santo Tomás de Aquino não era qualquer um para ir jogando pela janela.
   Os papas Clemente VI, Nicolau V, Bento XIII, e outros mais testemunham o brilho que a admirável doutrina do Doutor Angélico dá à Igreja no mundo inteiro. São Pio V, que também era dominicano, reconhece que a doutrina de Santo Tomás confunde, derruba e dissipa as heresias, e que cada dia livra ela o mundo inteiro de funestos erros.O papa Urbano V, falando à academia de Tolosa: "Queremos e pelo teor das presentes vos ordenamos seguirdes a doutrina do bem-aventurado Tomás, como sendo verídica e católica, e vos aplicardes com todas as vossas forças a desenvolvê-la". O papa Inocêncio XII impõe as mesmas prescrições à universidade de Levaina e Bento XIV ao colégio dionisiano de Granada. O papa Inocêncio VI: "A doutrina de Santo Tomás de Aquino, mais que todas as outras, exceto o direito canônico, tem a vantagem da propriedade dos termos, da medida na expressão, da verdade das proposições, de tal sorte que os que a possuem nunca são surpreeendidos fora da senda da verdade, e todo aquele que a tem combatido tem sido sempre suspeito de erro." A maior honra, porém, tributada a Santo Tomás foi no Concílio de Trento. Os Padres do Concílio  dos quais muitos eram grandes santos, não repartiram esta honra com nenhum dos Doutores católicos: "quiseram eles que no meio da santa assembléia, com o livros das divinas Escrituras e dos decretos dos Pontífices supremos, no próprio altar, fosse depositada, aberta, a 'Summa Theologica" de Santo Tomás de Aquino, para que nela pudessem haurir conselhos, razões , oráculos". É o que afirma o papa Leão XIII.
   Depois desta introdução, vamos diretamente ao assunto tratado por Santo Tomás de Aquino.
   Parece que naõ cabe só aos sacerdotes a dispensação deste sacramento da Eucaristia.
  ( Em outras palavras: Parece que leigos e leigas poderiam também distribuir a comunhão.)
   Responde Santo Tomás: " Pelo contrário não podem porque assim dispõe um cânone "De consecr. dist, II); "Chegou ao nosso conhecimento que certos presbíteros entregam o corpo do Senhor a um leigo ou a uma mulher, para o levarem aos enfermos. Por isso o Sínodo interdiz que não se ouse mais proceder assim para o futuro; mas o próprio presbítero é quem deve, por mãos próprias, dar a comunhão aos doentes.
   SOLUÇÃO - Ao sacerdote pertence a dispensação do corpo de Cristo. por três razões: Primeiro, porque, como dissemos, ele consagra em nome de Cristo. Ora, o próprio Cristo, assim como consagrou o seu corpo na Ceia, assim o deu a tomar aos outros. Por onde, assim como ao sacerdote pertence a consagração do corpo de Cristo, assim também lhe cabe dispensá-lo. - Segundo, porque o sacerdote é constituido mediatário entre Deus e o povo. Portanto, assim como lhe cabe oferecer a Deus os dons do povo, assim também lhe pertence dispensar ao povo os dons santificados por Deus. - Terceiro, porque a reverência devida a este sacramento requer que não seja tocado senão pelo que é consagrado; por isso é consagrado o corporal e o cálice e consagradas são as mãos do sacerdote, para tocá-lo. E ninguém o pode tocar senão em caso de necessidade: por exemplo, se caísse no chão ou em outro caso semelhante.
( Nestes casos semelhantes poderíamos incluir vários exemplos: São Tarcísio, pois era necessário e não havia outro jeito: O caso de Santa Clara, que foi necessáro para se evitar a profanação do Santíssimo; no caso dum incêndio de uma igreja onde não há padre na hora para tirar o Santissimo etc.)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

EXPLICAÇÃO DA SANTA MISSA

   A Santa Missa é um mistério de Fé. Não só não vemos. Nossos sentidos percebem o contrário. Só a palavra de Jesus nos dá a garantia total. "Senhor! aumentai a minha fé". Caríssimos e amados irmãos e irmãs está faltando fé, e uma fé viva, firmíssima, inabalável. "Senhor, aumentai a minha fé!!! Havendo esta fé, agradaremos a Deus. A Santa Missa voltará a ser o Sol do Mundo, o Centro da Religião. Por ela nos santificaremos. Toda tibieza, todos os incovenientes, todos os abusos serão banidos pela fé, digamos assim,  normalmente, por si mesma. Faremos a "OBRA DE DEUS", que é a maravilha das maravilhas (cf. Salmo CX) não fraudulentamente, mas, pelo contrário, bem feita e com todos os frutos de santidade. Se na década de 60,em que eu era criança a fé já era fraca, hoje é como uma semente de mostarda mas, dividida em 50 partes; e a fé em geral, talvez seja menor do que uma destas partes.A fé, hoje, é como uma chama bruxuleante, prestes a se extinguir. "Senhor! aumentai a minha fé". Estou escrevendo esta introdução, chorando literalmente. "Senhor! aumentai a minha fé!!! São Pio, ensinai-me a celebrar a Santa Missa!!! Ensinai o nosso povo a se santificar pela verdadeira participação da Santa Missa.
Peço-lhe a gentileza de acompanhar a explicação abaixo, no Misssal Quotidiano em português.
MÉTODO PARA PARTICIPAR DA SANTA MISSA
(Extraído em parte dos escritos teológicos de Tanquerey)
   A idéia que deve presidir a tudo o mais é esta: A Santa Missa é a renovação do Sacrifício do Calvário. 
   A) PREPARAÇÃO: Antes da missa há uma preparação - outrora era a missa dos catecúmenos, ou não batizados. Era a parte de instrução. Se preparavam para receber o batismo. A Missa propriamente dita começa com o ofertório. Mas esta parte antes da Missa continua sendo uma preparação, agora dos fíèis, para a Santa Missa. Três sentimentos dominam esta parte de preparação:
   1º - PENITÊNCIA: No pé do altar o sacerdote no Salmo Judica me pede a Deus que o separe cada vez mais do homem injusto e enganador, que faça brilhar na sua alma a luz da verdade, para que possa subir ao altar e encontrar a alegria. O Confiteor é a confissão humilde dos seus pecados para obter o perdão, pela virtude do sacrifício divino. Os fiéis presentes unem-se-lhe para implorarem a misericórdia de Deus, Misereatur, Indulgentiam... Assim reconfortado, o sacerdote sobe ao altar com o povo cristão, que o acompanha em espírito, e implora, pelos méritos dos santos, a remissão das suas mais pequenas faltas, Aufer a nobis, Oramus te. Estes mesmos sentimentos, são expressos de novo no Kyrie Eleison, dirigido ás três Pessoas Divinas, pois todas elas concorrem para a sua santificação.
  2º - ADORAÇÃO E GRATIDÃO DO PECADOR PERDOADO: Estes sentimentos resplandecem no Gloria in excelsis,dirigidos às três Pessoas Divinas em união com o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Seguem-se-lhe algumas orações destinadas a fazer participar dos frutos do sacrifício. É a oração chamada "colecta".
   3º - A PALAVRA DE DEUS: A Epístola e o Evangelho põem diante dos nossos olhos a palavra de vida que ilumina e fortalece as almas. Damos-lhe uma adesão plena e completa no CREDO, expressão de fé sincera e generosa de quem quer praticar o que crê.
   Estes piedosos sentimentos não podem deixar de dispor as nossa almas para a Santa Missa.

   B - O SACRIFÍCIO: O Sacrifício própriamente dito compreende três atos:
   1º A oblação, isto é, a oferta da Vítima que é o OFERTÓRIO.
    A imolação da Vítima  que é  a     CONSAGRAÇÃO.
   A recepção da Vítima que é a  COMUNHÃO.
  
   1º O OFERTÓRIO: O sacerdote oferece em primeiro lugar a matéria do sacrifício, o pão e o vinho que aqui só  representam desde já o corpo e o sangue de Cristo. Oferece-os em expiação dos pecados do povo cristão e pela salvação do gênero humano. Mas, lembrando-se de que os fiéis são o corpo místico de Cristo, oferece-os a todos e a si mesmo em união com a vítima principal, que é Jesus. Convida os fiéis a unirem-se às suas preces: Orate, fratres. Como importa que sejamos mais de que simples espectadores desta oblação!!! Jesus, nossa cabeça e nosso Chefe, oferece-se todo; desprende-se das criaturas e de se mesmo para se dar a Deus. Cumpre-nos, portanto, participar dos seus sentimentos. Digamos com a Madre Maria de Jesus: "Conservemo-nos escondidos no divino cálice, tal como a gota de água que o sacerdote mistura com o vinho do altar, para que as nossas humildes reparações e o nosso sacrifício se misturem com o sacrifício do nosso Salvador e a Sua e a nossa oblação sejam uma só oblação".

 2º - A CONSAGRAÇÃO:  Mas antes há um anúncio e uma preparação.
   A - O PREFÁCIO: Num diálogo comovente entre o sacerdote e o povo cristão, somos convidados a levantar o nosso coração para Deus, a dar-Lhe graças pelos seus benefícios, sobretudo pelo benefício que resume todos os outros - a EUCARISTIA. Diz Santo Agostinho: "Quando ouvirdes o sacerdote dizer-vos: Sursum corda (= Levantai os vossos corações), e responderdes: Habemus ad Dominum (= Nós os temos erguidos para o Senhor), procedei de forma que a vossa resposta seja sincera e conforme à verdade das palavras de Deus. Trata-se de coisas bem reais. Seja, pois, como dizeis. Que o que a língua pronuncia a consciência não desaprove". 
  
   B - O SANCTUS: o sanctus lembra-nos que proclamar a grandeza e a santidade de Deus é o fim primordial do sacrifício.
    O  TE IGITUR mostra-nos que o fim secundário é a participação das almas na santidade divina. É por isso que pedimos por todos os grandes interesses da Igreja, pelo Papa, pelos bispos, por todo o povo cristão, particularmente por aqueles que oferecem ou por quem é oferecida a Missa, e pelos assistentes.
   O COMMUNICANTES: Como a Igreja militante está em comunhão com a Igreja triunfante, associamo-nos à Sempre Virgem Maria, que nos deu Jesus, aos santos Apóstolos, aos mártires, a todos os santos, membros insignes do Corpo Místico de Cristo, para, graças à sua intercessão, tirarmos frutos para a nossa santificação e salvação eterna.
   O HANC IGITUR OBLATIONEM: O sacerdote junta as mãos, estende-as sobre o cálice e a hóstia, oferece-se a si e aos assistentes, com a grande Vítima, para que pelos seus méritos sejamos preservados da condenação e admitidos no número dos eleitos - graça suprema que nunca será demais pedir.
 Chega o momento solene da Consagração, isto é, a TRANS-SUBSTANCIAÇÃO E A IMOLAÇÃO DA VÍTIMA.
A CONSAGRAÇÃO:  Como ensina Santo Tomás de Aquino, sendo esta uma ação própria e exclusiva do sacerdote, ele deve fazer a Consagração em voz submissa. E aqui, o sacerdote, colocando-se mais que nunca no lugar de Jesus, Soberano Pontífice, pronuncia lentamente, religiosamente, as palavras que Jesus pronunciou na última Ceia. Então, abre-se o céu, Jesus desce à terra e oculta-se sob as espécies do pão e do vinho, e ali fica em corpo, sangue, alma e divindade. O sacerdote levanta-O ao céu, oferece-O à Trindade como Hóstia pura, santa e imaculada, como o pão da vida eterna e o cálice da Salvação. O sacerdote não faz uma narração; ele empresta a Jesus suas mãos e seus lábios para fazer o que Jesus mandou: "Fazei isto em memória de mim".
   Humildemente prostrados em união com os anjos e santos que cercam o tabernáculo, os fiéis adoram silenciosamente o Verbo Encarnado, Jesus-Hóstia, e por Ele adoram, glorificam, bendizem, louvam o Deus criador e santificador, as três Pessoas Divinas. Mas oferecem-Lhe sobretudo as adorações e as homenagens da Vítima infinitamente agradável ao Pai, felizes por poderem glorificá-Lo como merece.
   Suplicam com plena confiança ao Altíssimo que se digne lançar um olhar favorável sobre esta vítima, mais santa do que as que foram oferecidas outrora pelo justo Abel, pelo patriarca Abraão, pelo sacerdote Melquisedeque, suplicam, com certeza de serem ouvidos, ao Onipotente, que se digne ordenar que esta hóstia seja levada pelas mãos do santo anjo até ao trono de Deus, para que todos aqueles que participam do sacrifício e da comunhão sejam abençoados: "Ó pão memorial da morte do Senhor, pão vivo que dá a vida ao homem, dá a minha alma a graça de viver só de Ti e de encontrar em Ti as suas delícias". ( Hino ADORO TE DEVOTE).
   O MEMENTO ETIAM: É o momento de rezar pelos mortos. Em toda missa os defuntos não são esquecidos, e pede-se a Deus que todos, em especial aqueles pelos quais a Missa é oferecida, entrem imediatamente no lugar do refrigério da luz e da paz.
   O NOBIS QUOQUE PECCATORIBUS: Como o pecado é o único obstáculo à visão de Deus, pede-se pelos pobres pecadores que todos nós somos, para que recebamos o perdão da divina misericórdia e participemos da glória dos santos
    O PER IPSUM, ET CUM IPSO ET IN IPSO:  Todas estas graças são pedidas por Jesus Cristo. É por Ele, com Ele e n'Ele que nós damos toda a honra e glória a Deus Pai, na unidade do Espírito Santo e santificador. 
   Assim temos um pálido resumo do Cânon da Missa em que Jesus se torna presente no altar e se imola misticamente. Seríamos ingratos se não nos deixássemos possuir do Seu espírito de hóstia, isto é, de vítima. Nós devemos ser também vítimas, se bem que imperfeitas, e, participando nos sofrimentos do Salvador, participaremos na sua glória. É este aliás o fim da terceira parte da Missa: a COMUNHÃO.

   - A COMUNHÃO: Também a comunhão tem uma preparação: o PATER NOSTER. o AGNUS DEI  e as outras orações seguintes.
   O PATER NOSTER: Membros do Corpo Místico de Jesus, repetimos com uma santa confiança a oração que Ele mesmo nos ensinou, a mais bela oração que existe, o Pater Noster. Unidos a Ele, cumprimos os nossos deveres de religião para com o Pai, desejando que o Seu nome seja conhecido, amado e glorificado, que o Seu reino se estabeleça em todo o mundo, que a Sua vontade se faça na terra como no céu. Com Ele, imploramos todas as graças de que necessitamos, e sobretudo o pão eucarístico, que sintetiza todos os outros dons; suplicamos que nos perdoe os pecados passados, que nos preserve das faltas que ainda pderíamos cometer no futuro e que nos dê a paz que ultrapassa toda a inteligência e que prepara a união íntima e permanente com Jesus. Tal é, com efeito, a petição do AGNUS DEI e das ORAÇÕES seguintes.
   A COMUNHÃO:  Protestando a sua indignidade, como o centurião, mas confiando na misericórdia divina, o sacerdote, e com ele o povo cristão, comungam o corpo e o sangue do Salvador, unem-se no âmago da alma a Jesus, aos seus sentimentos mais íntimos e, por Ele, ao próprio Deus, às três Pessoas da Trindade. O mistério da união está consumado: somos um só coração e uma só alma com Jesus e, com Ele, apenas um com o Pai e o Espírito Santo. Realiza-se verdadeiramente a oração de Jesus na última ceia. (Conf. S. João, XVII, 23-26). Momento delicioso este, em que o nosso coração bate em uníssimno com o Coração de Jesus! Com Ele adoramos, louvamos, bendizemos a Deus, que fez grandes coisas em nós. Adoramo-lo porque é nosso Deus, e adoramo-lo tanto mais devotamente quanto mais humildemente se oculta  e aniquila. Depois desta silenciosa adoração, ouvimos com o coração o amigo que se digna entreter-se conosco.; recolhemos com amor as mais pequeninas palavras, os mais pequeninos desejos do Bem-Amado. "Inveni quem diligit anima mea, tenui eum, nec dimittam..."(Cant.,III, 4). Parece-nos que nesse momento não podemos recusar-lhe nada, que o esforço para perseverar no bem já não nos amedronta; que não estamos sós, que aderimos a Jesus como os ramos ao tronco da videira, que recebemos d'Ele a vida e a força; que, à semelhança dos discípulos de Emaús, sentimos o coração alegrar-se enquanto Ele fala e estamos prontos a colaborar com Ele durante todo dia. Oferemos-Lhe espontaneamente toda a nossa alma. Queremos Deus, a Sua glória, a Sua vontade, ainda que exija de nós duros sacrifícios. É que Jesus vive em nós.
   E nada há de melhor do que unirmo-nos sempre aos atos de gratidão e amor da Santíssima Virgem, a mais perfeita adoradora do seu Filho. Digamos a Maria Santíssima: Senhora, já que arrebataste o coração de Jesus para no-lo dar, não deixes de arrebatar o nosso para o dares a Jesus,
    Em agosto de 2000, pela bondade e misericórdia divina, e malgrado meus deméritos, tive a alegria de celebrar a Santa Missa em Belém no local onde Jesus nasceu. Depois da consagração eu disse para Nossa Senhora: "Minha Mãe do Céu, acabo de trazer aqui o mesmo Jesus que a Senhora trouxe há 2000 mil anos atrás. Mas, eu não o poderia fazer se a Senhora não o tivesse feito antes".
   Aliás, caríssimos e amados irmãos e irmãs, tenhamos sempre em mente que a Eucaristia é o Pão de nossa Mãezinha do Céu. Escreveu Santo Agostinho: "Jesus tomou carne da carne de Maria." Santo Alberto Magno diz: "Maria nos deu a carne de sua carne, os ossos dos seus ossos, e continua a dar-nos na Eucaristia este doce e virginal manjar celeste". São Pio de Pietralciana dizia algumas vezes aos seus filhos espirituais: "Não estais vendo Nossa Senhora sempre ao lado do Sacrário? Uma vez, perguntaram a Santa Bernadette: "Você gosta mais de receber a Santa Comunhão, ou de ver Nossa Senhora na gruta?" Ela respondeu: "Que pergunta esquisita! São duas coisas que não se podem separar. Jesus e Maria estão sempre juntos!" Fizeram-lhe esta outra pergunta: "Como é que você faz para ficar tanto tempo em ação de graças depois da Comunhão?" Santa Bernadette respondeu: "Fico considerando que a Virgem Santa que me está dando o Menino Jesus. Depois o recebo. E eu lhe falo a Ele, e Ele me fala a mim".

AS ORAÇÕES FINAIS DA SANTA MISSA: Com a comunhão que nos une tão intimamente a Deus, termina os sacrifício propriamente dito. Mas assim como há uma preparação antes da Missa, também há algumas orações que lhe servem de epílogo. Estas orações são breves. Um pedido instante para que o corpo e o sangue de Jesus produzam em nós frutos estáveis. Depois o sacerdote beija o altar que representa Cristo, abençoa o povo cristão, ou antes, pede ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo que o abençoe. Guardemo-nos de pensar que as bênçãos de Deus são como as dos homens, simples votos. Não, elas são verdadeiramente eficazes: para Deus, abençoar é fazer bem.

O ÚLTIMO EVANGELHO:  É como um resumo de toda a Missa. É todo o mistério da Encarnação reproduzido e sintetizado na Eucaristia. Nada poderia concluir melhor o grande drama que é o sacrifício da missa.
     CONCLUSÃO
Quando assistirmos à Santa Missa, transpotemo-nos em espírito ao pé do Calvário, ajoelhemos humildemente junto de Maria, Mãe do Salvador e nossa mãe, supliquemos a ela que inunde a nossa alma de algum dos sentimenos que animavam a sua.